Costa furioso, Rangel “não sabe nada” e Montenegro atira: “Daqui a quatro anos não haverá um quilómetro” de gasoduto

Costa furioso, Rangel “não sabe nada” e Montenegro atira: “Daqui a quatro anos não haverá um quilómetro” de gasoduto
| Norte
Porto Canal

A construção de interconexões de gás natural e hidrogénio verde entre Portugal, Espanha e França continua a dar que falar: esta terça-feira, os presidentes dos grupos parlamentares debatem de urgência o acordo para o “corredor verde”. O PSD quer levar António Costa à Assembleia na quinta-feira para explicar os detalhes do projeto. O primeiro-ministro não gostou e explodiu contra o vice-presidente laranja Paulo Rangel. “Ele não sabe nada de energia, diz tudo e mais alguma coisa”.

O fim de semana foi repleto de recados de Rangel. No sábado, o eurodeputado dizia que Portugal trocava “o potencial das renováveis por um prato de lentilhas”, fazia um mau acordo e ignorava o interesse nacional. Na ótica do social-democrata, fazer um gasoduto que atravesse água, neste caso entre Barcelona e Marselha, desvaloriza o porto de Sines e impede a venda de energia renovável – “as interligações elétricas nos Pirenéus eram fundamentais”. No domingo, o político portuense chamava António Costa ao parlamento, com mais uma alfinetada: o Governo nem sequer sabe quanto custará a obra, “tanto pode ficar em 200 como em 300 milhões”.

As palavras de Rangel terão atingido nervura sensível. António Costa respondeu intempestivamente, com palavras mais duras que o habitual: “Estou absolutamente perplexo com o que ouvi por parte de pessoas que tinha a obrigação de ser minimamente informadas”, começou o primeiro-ministro. “Infelizmente, Paulo Rangel já nos habituou a ser uma pessoa que não olha a meios para dizer não importa o quê, para atacar o adversário. Ele não sabe nada sobre energia, ele ignora totalmente o que tem a ver com este acordo e, ao longo dos anos, caso se for rever o que já disse sobre tudo e mais alguma coisa, verificar-se-á que a taxa de reprovação de Paulo Rangel é muito elevada".

Montenegro sorri e apela à “serenidade”

Após o ataque socialista, o presidente do PSD foi a jogo com um sorriso irónico. Na sede do partido, em discurso para militantes, Luís Montenegro aconselhou “serenidade” a António Costa. Para o líder social-democrata, as explicações do Governo são um “dever perante o país, que é dar esclarecimentos sobre a ação governativa”.

“Dirigiu-se ao PSD num tom que vem no encalço do uso e abuso da maioria absoluta, como que não dando à oposição legitimidade para criticar e sujeitar o Governo ao escrutínio que é devido”, criticou Luís Montenegro. “O primeiro-ministro tem tido intervenções em que nunca diz a verdade toda. O que antevejo é que António Costa vai deixar de ser primeiro-ministro daqui a quatro anos e não vai haver um quilómetro executado de todo este projeto”, sentenciou.

Que “corredor verde” é este?

Na passada quinta-feira, Portugal, Espanha e França chegaram a um acordo para a criação de um sistema de interligações energéticas de gás e hidrogénio verde. Foi vendido pelo Governo como a ultrapassagem “de um dos bloqueios mais antigos” entre a Península Ibérica e França, conhecida por querer proteger os interesses da energia nuclear, e assim aliviar os constrangimentos da dependência de gás russo na Europa.

O ponto de passagem do gasoduto entre Portugal e Espanha deve fazer-se em Celorico da Beira e Zamora, e depois entre Espanha e França por mar, de Barcelona a Marselha.
Falta acertar “pormenores técnicos” em termos de financiamento europeu, admitiu na altura António Costa, deixando claro, no entanto, que o percurso do gasoduto em Portugal está “pronto”, com “pequenas alterações” para que não exista impacte ambiental na região do Alto Douro Vinhateiro.

António Costa desmentido pela APA, REN e Ministério do Ambiente

Terá sido um entusiasmo do primeiro-ministro, mas faltam vários passos para que o traçado do gasoduto em Celorico esteja aprovado e pronto a executar, diz a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Ministério do Ambiente e Redes Energéticas Nacionais (REN).

Em resposta ao Porto Canal, a APA garante que ainda não deu entrada de nenhuma nova avaliação do “percurso modificado” de António Costa, e recorda que o projeto anunciado em 2018 pelo Governo foi chumbado por colocar em causa a integridade do Alto Douro Vinhateiro, considerado área protegida pela UNESCO.

À TSF, o Ministério do Ambiente e a REN garantem que o novo traçado do gasoduto que deverá ligar Celorico da Beira a Espanha ainda não está fechado. Por esclarecer estão também as obras necessárias para que o gasoduto já construído possa transportar hidrogénio.

O investimento para os 162 quilómetros que terão de ser construídos tem um custo estimado pela REN de 300 milhões de euros. Quanto ao tempo para a sua conclusão, o primeiro-ministro admite que “vai levar anos, sim”.

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