Oposição contestou legitimidade do parlamento para requerer clarificação ao TC

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 6 jun (Lusa) - PS, PCP, BE e PEV contestaram hoje a legitimidade e a legalidade da decisão da maioria PSD/CDS-PP de enviar um pedido de aclaração do acórdão do Tribunal Constitucional considerando que está em causa um ataque ao regime democrático.

A maioria PSD/CDS-PP rejeitou hoje dois recursos apresentados pela oposição parlamentar contra a decisão de enviar, em nome da Assembleia da República, o pedido de aclaração solicitado pelo primeiro-ministro.

A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, não votou e indicou que mantém "todas as posições anteriormente assumidas".

O deputado do PS António Braga, vice-presidente da bancada socialista, defendeu que a decisão "é ilegítima e incompetente" e significa que a maioria parlamentar está a dar "cobertura ao maior ataque político ao Tribunal Constitucional, à Constituição da República e ao Estado de Direito democrático".

O líder da bancada do PCP, João Oliveira, acusou o Governo de pretender instrumentalizar a conferência de líderes e a Assembleia da República como "arma de arremesso" contra o Tribunal Constitucional e contra o regime democrático.

O deputado comunista salientou que a decisão da maioria contrariou a posição da presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, de não admitir a proposta na conferência de líderes e acusou a maioria de "sequestrar as competências do plenário".

Esta circunstância, disse, "exige a tomada de medidas por parte do Presidente da República", defendeu.

Considerando que "o Governo utiliza a Assembleia da República como arma de arremesso contra o Tribunal Constitucional", o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, defendeu que a decisão imposta pela maioria "é ilegítima e incompetente".

"A maioria não tinha legitimidade para impor na conferência de líderes. Não tinha razão e por isso mesmo a senhora presidente da Assembleia da República não quis aceitar. Não tendo a força da razão, quis fazê-lo pela força dos votos", disse Pedro Filipe Soares.

O deputado do PEV José Luís Ferreira contestou igualmente o envio de um pedido de aclaração e disse que até uma criança percebe as dúvidas invocadas pelo primeiro-ministro quanto à data de aplicação dos efeitos da decisão, 30 de maio.

Em sentido contrário, o deputado do PSD Carlos Abreu Amorim defendeu que a solicitação do primeiro-ministro visa "debelar mais do que prováveis situações de ambiguidade" em de questões concretas numa "lógica de cumprimento" do acórdão 423/2014 do Tribunal Constitucional.

Carlos Abreu Amorim disse estar certo que o TC "se colocará em posição de oferecer um esclarecimento cabal e consequente": "Os duodécimos já pagos [do subsídio de Natal] estão ou não saldados já? Quanto ao subsídio de férias, tem efeitos a 1 de janeiro ou a data do pagamento? O que fazer quanto aos trabalhadores que já o receberam? A decisão do Tribunal Constitucional pode criar desigualdade?", questionou.

Na bancada do CDS-PP, Nuno Magalhães defendeu que a Assembleia da República deve enviar o pedido de aclaração em nome da "lealdade institucional e da colaboração entre órgãos de soberania", solicitando uma "interpretação autêntica" de normas consideradas ambíguas pelo Governo, que é "o executante".

SF // SMA

Lusa/fim

+ notícias: Política

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.

Governo e PS reúnem-se em breve sobre medidas de crescimento económico

Lisboa, 06 mai (Lusa) - O porta-voz do PS afirmou hoje que haverá em breve uma reunião com o Governo sobre medidas para o crescimento, mas frisou desde já que os socialistas votarão contra o novo "imposto sobre os pensionistas".

Austeridade: programa de rescisões poderá conter medida inconstitucional - jurista

Redação, 06 mai (Lusa) - O especialista em direito laboral Tiago Cortes disse hoje à Lusa que a constitucionalidade da medida que prevê a proibição do trabalhador do Estado que rescinde por mútuo acordo voltar a trabalhar na função Pública poderá estar em causa.