FMI considera que Espanha "deu a volta", mas espanhóis ainda "sofrem"
Porto Canal / Agências
Madrid, 27 mai (Lusa) - O FMI considera que a economia espanhola "deu a volta", estimulada em grande parte por exportações robustas, mas refere que os espanhóis ainda "sofrem pelo legado da crise económica", especialmente os quase 6 milhões de desempregados.
As conclusões fazem parte do relatório final da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Espanha, publicado hoje, que considera que a recuperação económica, que começou no final de 2013, deverá continuar nos próximos trimestres.
O motor das exportações e melhorias nas condições do mercado financeiro contribuíram para um aumento da confiança e para melhorias no consumo interno e no investimento de empresários, refere o relatório.
Na sua análise, o FMI considera estas melhorias "um resultado dos esforços coletivos da sociedade espanhola", com "decisões difíceis" sobre impostos e pensões, reformas no sistema financeiro, redução do défice público e melhorias do mercado laboral.
"Estes esforços coletivos melhoraram significativamente as perspetivas de criação de empregos e de melhoria das condições de vida. Sem estes esforços a recessão poderia estar a continuar e o desemprego a aumentar", refere o documento.
Apesar disto, "os espanhóis continuam a sofrer pelo legado da crise económica", nomeadamente os "5,9 milhões de desempregados, mais de metade dos quais há mais de um ano" no desemprego, o que significa que o rendimento médio das famílias continua "abaixo dos níveis da crise" com o "elevado peso de dívidas", considera.
O FMI defende, por isso, que "os esforços devem continuar" para garantir uma recuperação sólida e duradoura a longo prazo, mas sublinha que a recuperação tem que ser inclusiva para conseguir melhorias no mercado de trabalho.
Entre as alterações, o FMI defende mais ajuda às empresas para expandir, contratar e investir, com o setor financeiro a trabalhar com as empresas para reestruturar dívida e o Governo a permitir renegociar o pagamento de dívidas ao Estado.
A redução das barreiras regulatórias, especialmente a nível regional, que ajudariam ao mesmo tempo a fortalecer a competitividade das empresas espanholas, é outra das recomendações do relatório.
O FMI considera que o Estado deve continuar a controlar o défice e, especialmente, a dívida pública que pode ser um lastre para o crescimento económico e a recuperação.
Finalmente, defende mais apoio da Europa, nomeadamente através da redução do custo financeiro para as empresas espanholas e aumentando a procura de exportações de Espanha.
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