Covid-19: Câmara de Vizela diz que recolher obrigatório ajudaria a mitigar pandemia
Porto Canal com Lusa
O presidente da Câmara de Vizela afirmou hoje que o dever de permanência no domicilio, ao "não pôr em causa" a economia, ajudaria a mitigar a evolução da pandemia de covid-19 e "o alastrar" de contágios no concelho.
"Somos uma população de cerca de 24 mil habitantes e nos últimos sete dias aumentamos em 100 o número de casos", afirmou Vítor Hugo Salgado em declarações à Lusa, acrescentando que o número de novas infeções pelo SARS-CoV-2 passou de 272 para 373 na última semana.
Vítor Hugo Salgado afirmou estar em "contacto permanente" com o secretário de Estado Eduardo Pinheiro, que está a coordenar a pandemia na região Norte, e que aguarda o Conselho de Ministros extraordinário [de sábado] para que sejam implementadas medidas mais "globais".
"Estamos numa fase preocupante e acho que é necessário tomar o máximo de medidas de forma concertada", afirmou.
O autarca salientou que a situação no concelho de Vizela, distrito de Braga, está "bastante preocupante" dado, por um lado, a aproximação ao concelho de Guimarães, e por outro, aos concelhos de Felgueiras e Lousada, onde foram implementadas, a par com Paços de Ferreira, medidas mais restritivas para combater a evolução da covid-19.
Nesse sentido, a autarquia tomou uma série de medidas para evitar os contágios e mitigar a propagação da doença, bem como medidas de apoio social.
O encerramento dos cemitérios durante este fim de semana, a suspensão das feiras semanais e limitações no funcionamento dos serviços municipais com as equipas a funcionar em "espelho", foram algumas das medidas adotadas.
No decorrer da decisão de cancelar as feiras semanais por tempo indeterminado, na quinta-feira, um grupo de feirantes concentrou-se junto à Câmara de Vizela em protesto, manifestando-se "muito revoltados" com a decisão".
À Lusa, Vítor Hugo Salgado afirmou compreender as preocupações manifestadas pelos feirantes, mas realçou que a maioria participa em feiras noutros concelhos da região, o que "propicia a propagação do surto".
O presidente da Câmara de Vizela afirmou que já foram distribuídas cerca de 100 mil máscaras e que estão a ser distribuídos 'kits' de equipamentos de proteção e higienização às várias Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do concelho, aos comerciantes, bombeiros e escolas.
Paralelamente, a autarquia criou "um programa de emergência alimentar" que complementa o já existente no concelho, principalmente, devido ao aumento do desemprego, que segundo o autarca, face ao mesmo período homologo, ronda os 40%.
O autarca está infetado com o novo coronavírus e desde há 12 dias que recupera em casa.
"Neste momento, estou numa fase estável de recuperação, o que é ótimo porque foi duro", disse o autarca, explicando à Lusa que, no seu caso, a covid-19 evoluiu para uma pneumonia, mas como tinha suficiente oxigenação do sangue, não foi necessário o internamento.
Ainda que a aguardar o anúncio das medidas resultantes do Conselho de Ministros, Vítor Hugo Salgado afirmou que o dever de permanência no domicilio poderá traduzir-se "numa mais-valia" e ajudar a mitigar a evolução da pandemia da covid-19 no concelho, bem como na região Norte.
"Fala-se na possibilidade de existir um limite de circulação ao longo do dia, que é o confinamento obrigatório nas habitações, e esta é uma medida que pode ser imposta sem qualquer tipo de problema e que não põe em causa a questão económica", destacou.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 45,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.428 pessoas dos 132.616 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.