Endividamento e necessidade de aprofundar reformas são fragilidades da economia
Porto Canal
O Banco de Portugal considera que a recuperação da economia portuguesa apresenta "fragilidades", destacando que falta reduzir o endividamento do Estado e de outros setores e aprofundar o programa de reformas estruturais.
"Importa ter presente que a recuperação da economia portuguesa apresenta fragilidades. Em particular, é imprescindível continuar o processo de redução do endividamento do Estado e de outros setores sobre-endividados, assim como aprofundar o programa de reformas estruturais" de forma a potenciar a redução de desemprego, lê-se no Boletim Económico de abril, hoje divulgado.
O banco central destaca o aumento da atividade económica a partir do segundo trimestre de 2013, após dez trimestres consecutivos de queda, a inversão da tendência de queda da procura interna e o crescimento das exportações para afirmar que, apesar da contração de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, o perfil da economia revela "um aumento da atividade económica e do emprego desde o segundo trimestre".
No entanto, o Banco de Portugal refere que o comportamento da economia portuguesa continuou a ser determinado por dois fatores: a componente externa, tendo-se registado um fraco crescimento da atividade económica global e do comércio internacional, e a componente interna.
No caso do ambiente interno, o banco central sublinha que este resulta, "por um lado, da execução do Programa de Assistência Económica e Financeira e, por outro lado, da natureza da envolvente institucional, cuja reforma está ainda num estado incipiente".
Na frente interna, as exportações registaram um crescimento real de 6,1% em 2013, mas as importações também cresceram 2,8%, depois de dois anos de quedas acumuladas de 11,6%.
Porém, este aumento em 2013 deveu-se também ao crescimento das exportações com maior conteúdo importado, como é o caso do consumo de bens duradouros, do investimento em máquinas e material de transporte e dos bens energéticos.
De acordo com a instituição liderada por Carlos Costa, as "condições indispensáveis" para promover o investimento produtivo nos setores de bens transacionáveis são "a sustentabilidade das finanças públicas, o aumento da autonomia financeira das empresas não financeiras e a solidez e a estabilidade do sistema financeiro".
"Só assim será possível assegurar a sustentabilidade do ajustamento, bem como atenuar os seus custos", adverte o Banco de Portugal.