Covid-19: Vitivinícola da Bairrada lança campanha de incentivo para "setor em desaceleração"
Porto Canal com Lusa
Anadia, Aveiro, 20 abr 2020 (Lusa) - A Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) lançou hoje uma campanha de incentivo "ao setor do vinho", numa altura em que o mercado apresenta "sinais preocupantes de desaceleração na produção e comercialização", disse o presidente da CVB.
A peça principal da campanha é um vídeo de dois minutos intitulado "No setor do vinho: fortes e unidos, vamos resistir', que desde hoje de manhã está disponível em diversas plataformas 'online', nomeadamente Instagram, Facebook, Youtube e nas páginas oficiais da CVB, Bairrada e Bairrada oficial.
O vídeo não se dirige apenas aos produtores da Bairrada, tendo imagens cedidas por regiões demarcadas de vinha e do vinho de todo o país, e será mais tarde divulgado, também, em plataformas do Ministério da Agricultura.
"É uma mensagem de apoio e de esperança, num repto de união. A Bairrada 'chama' todo o setor do vinho, evocado de norte a sul de Portugal continental (Vinho Verde, Trás-os-Montes, Douro, Távora-Varosa, Dão, Bairrada, Beira Interior, Lisboa, Tejo, Setúbal, Alentejo e Algarve) e ilhas (Açores e Madeira), para uma onda de positividade", resume a CVB.
O mote da campanha é "Vamos resistir, unidos", ao impacto da pandemia da covid-19 na produção e comercialização de vinho.
Pedro Soares, presidente da CVB, disse à agência Lusa que o impacto das medidas para conter a propagação da covid-19 começa a fazer-se sentir nas empresas de produção de vinhos, que na sua maior parte limitaram a atividade, negociaram férias com os funcionários, recorreram ao 'lay-off', ou "deslocalizaram' trabalhadores de produção para trabalhos no campo, preparando a nova safra.
A maior parte dos grandes produtores da Bairrada, região com 6.500 hectares de vinhas, que lidera destacada a venda de espumantes em Portugal, optou por encerrar ao público, mantendo entre portas o engarrafamento de vinhos, a produção da próxima colheita e criando ou reforçando soluções de comércio eletrónico.
"Depois de um março quase normal, começa a notar-se um decréscimo acentuado na certificação", relata Pedro Soares, lembrando que a exportação de vinhos da Bairrada (e da produção nacional em geral) foi muito afetada pelo adiamento das feiras internacionais Vinexpo (Paris) e ProWein (Dusseldorf).
A CVB certifica em torno de nove milhões de garrafas de espumantes e vinhos tranquilos na Bairrada por ano.
O Selo de Garantia do Instituto da Vinha e do Vinho, que no caso da Bairrada é vendido pela CVB, certifica em cada garrafa a autenticidade e genuinidade do vinho das regiões demarcadas, garantindo a sua origem e o controlo rigoroso efetuado a todas as fases do processo de produção.
A CVB tem neste momento registados mais de 2.400 produtores de vinhos, que exploram 6.500 hectares de vinhas, mas Pedro Soares garante que o número de pessoas ligadas à cultura do vinho e da vinha há na região é "substancialmente" maior.
Pedro Soares defende que pode vir a ser necessária uma intervenção do Governo para garantir a sobrevivência do setor, lembrando que daqui a poucos meses será feita nova vindima.
"É preciso que o Governo pense numa intervenção no mercado, nomeadamente para conseguir a destilação de vinho", defende Soares. O objetivo será transformar o vinho que não foi escoado pelo mercado em álcool e álcool gel, que poderá ser usado em hospitais e outras unidades de saúde.
RBF // SSS
Lusa/Fim