Covid-19: Grécia deve proteger crianças detidas em condições "abusivas"

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Porto Canal com Lusa

Paris, 14 abr 2020 (Lusa) -- A organização humanitária Human Rights Watch (HRW) pediu hoje à Grécia para libertar as centenas de crianças migrantes desacompanhadas que estão detidas em condições "abusivas" e para encontrar alojamentos que as protejam do coronavírus.

Segundo dados citados pela organização, 331 crianças estavam, em 31 de março, detidas "em celas de esquadras da polícia e em centros de detenção da Grécia sem quaisquer condições sanitárias".

"Se forem libertadas destas condições abusivas, as crianças vão ficar mais protegidas contra infeções no contexto da pandemia de coronavírus", defendeu HRW, em comunicado hoje divulgado, pedindo ao primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, que organize "a transferência [das crianças] para "alojamentos seguros e adequados para crianças".

"Manter as crianças trancadas em celas imundas de esquadras da polícia sempre foi um erro, mas agora expõe-nas ao risco de infeção pela Covid-19", sublinhou a investigadora da HRW na Grécia, Eva Cossé.

A ONG lamenta, em particular, a "falta de higiene" nos centros de detenção, que considera incompatível com "medidas básicas" de combate ao coronavírus da Covid-19, e as "detenções arbitrárias e prolongadas".

"Muitas vezes, as crianças não têm acesso a cuidados médicos, apoio psicológico (ou) assistência jurídica e poucas sabem as razões da sua detenção", refere a organização humanitária.

A HRW lembra ainda o plano criado por Atenas em 24 de novembro de 2019 para proteger crianças desacompanhadas, em particular pela criação de abrigos, e sublinha a falta de cumprimento do direito internacional nesta questão.

O Tribunal Europeu de Direitos Humanos também pediu à Grécia, na semana passada, para proteger três migrantes, incluindo dois menores não acompanhados, que pediram ajuda devido às más condições de vida nos campos de refugiados insalubres e superlotados e numa altura em que se combate uma pandemia.

O tribunal instou as autoridades gregas a "transferir os requerentes ou, pelo menos, garantir-lhes acomodações compatíveis" com a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que proíbe qualquer "tratamento desumano ou degradante" de uma pessoa.

Atualmente, cerca de 100.000 requerentes de asilo vivem na Grécia, incluindo 70.000 em 38 campos de acolhimento, segundo as autoridades gregas.

Dois desses campos, localizados na Grécia continental, foram recentemente colocados em quarentena após o aparecimento de cerca de 30 casos de Covid-19.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 117 mil mortos e infetou quase 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Dos casos de infeção, cerca de 402 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Os Estados Unidos são o país que regista o maior número de mortes, contabilizando 23.529 até hoje, e aquele que tem mais infetados, com 568 mil casos confirmados.

O continente europeu, com mais de 962 mil infetados e cerca de 80 mil mortos, é o que regista o maior número de casos, e a Itália é o segundo país do mundo com mais vítimas mortais, contando 20.465 óbitos e mais de 159 mil casos confirmados.

PMC // FPA

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