Covid-19: PR de Cabo Verde diz que preocupação maior é evitar entrada do vírus no país

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Porto Canal com Lusa

Praia, 19 mar 2020 (Lusa) -- O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, disse hoje que a maior preocupação neste momento é evitar a entrada do novo coronavírus no país e, caso entre, que todos estejam preparados para enfrentá-lo e combatê-lo.

"Há vários tipos de preocupações e desafios, mas o primeiro é o que tem a ver com a saúde. Isto é uma luta para evitar que o vírus entre e, entrando, que nós estejamos preparados, tenhamos condições para que se faça um combate com o mínimo de danos possível", disse.

O chefe de Estado falava à imprensa no final de uma visita ao Hospital Agostinho Neto, na cidade da Praia, e também ao laboratório de virologia do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), que funciona nesse mesmo hospital central.

A visita de Jorge Carlos Fonseca a essas estruturas de saúde da capital do país aconteceu depois de na quarta-feira se ter reunido com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e três ministros, para avaliar a estratégia nacional de combate à pandemia de Covid-19.

Jorge Carlos Fonseca sublinhou que todos estão no mesmo barco e que devem "remar para o mesmo lado", sendo que a maior preocupação é evitar a entrada do vírus no país.

"A preocupação maior é essa, evitar que entre e prepararmo-nos para que, entrando o vírus, nós possamos enfrentá-lo de uma forma positiva, construtiva e que nos leve a ganhar esta batalha, que é difícil", insistiu o mais alto magistrado da Nação cabo-verdiana.

"Como sempre, com determinação, com inteligência e com coesão a nível do país, todos juntos nós poderemos sair disto de uma forma ganhadora", prosseguiu, sublinhando que se trata de uma "situação muito complexa", em que todos esperam o melhor, mas devem estar preparados para a eventualidade de haver pessoas infetadas e de haver danos maiores.

Além da questão sanitária, o Presidente cabo-verdiano apontou ainda outras preocupações, nomeadamente com a economia, com o turismo, os transportes e outros setores de atividade.

Por isso, considerou ser "fundamental uma informação rigorosa" e adoção de medidas que tornem "menos danoso possível" o impacto da epidemia numa economia frágil, dependente e de serviços como a cabo-verdiana.

"O Governo tem, de uma forma criativa, imaginativa, em articulação com os agentes económicos, com os empresários, com os sindicatos, provavelmente também num debate a nível do Conselho de Concertação Social, encontrar as medidas que ajudem especialmente as pequenas e médias empresas", mostrou Jorge Carlos Fonseca.

O chefe de Estado voltou a apelar a todos para acatarem "rigorosamente" as medidas decretadas pelo Governo no Plano Nacional de Contingência, que considerou, também, devem ser adaptadas permanentemente pelas instituições do país.

Também pediu contenção e menos exigência em relação às medidas tomadas pelo Governo, lembrando que todos vivemos uma situação "anómala".

"Devemos fazer críticas construtivas, mas sobretudo [demonstrar] coesão nacional", continuou Jorge Carlos Fonseca, que aproveitou para enviar "um abraço muito especial" a todos os cabo-verdianos em países afetados pela doença.

"Estamos com eles, estamos solidários. Devem também eles acatar as diretivas dadas pelas autoridades dos países de residência", pediu o Presidente, adiantando que o Governo já está à procura de soluções para o regresso de cabo-verdianos ao país, mas também para a ida de estrangeiros aos seus países de origem, por via da companhia aérea nacional ou através de voos fretados.

"Isso são soluções que têm que ser encontradas e, portanto, isso vai implicar que as medidas de suspensão de voos tenham sempre algumas exceções, principalmente nos próximos dias e nas próximas semanas", mostrou.

Questionado ainda sobre a possibilidade de convocar o Conselho da República sobre o tema, Jorge Carlos Fonseca disse poderia ser para uma eventual declaração do estado de emergência, mas que este é um problema que não se põe neste momento no país, que não regista qualquer caso positivo da doença.

Na quarta-feira, o Governo declarou a situação de contingência para todo o território nacional, que prevê, entre outras medidas, antecipar o período de férias escolares da Páscoa.

Cabo Verde proibiu ainda a partir hoje, e pelo menos até 09 de abril, as ligações aéreas oriundas de 26 países, incluindo Portugal e Brasil, e a atracagem em território nacional de navios de cruzeiro ou veleiros.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, começou na China, em dezembro, e já infetou mais de 220 mil pessoas em 176 países e territórios, das quais mais de 9.000 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 85.500 recuperaram da doença.

 

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