Covid-19: Museus, teatros britânicos fecham, 'pubs' e aeroportos temem fechar
Porto Canal com Lusa
Londres, 17 mar 2020 (Lusa) - Cinemas, museus e teatros encerraram no Reino Unido e os aeroportos britânicos admitem fechar "dentro de semanas", na sequência do apelo do governo para as pessoas evitarem viagens e contacto social desnecessário para evitar a transmissão do Covid-19.
O museu Tate, uma das principais atrações turísticas do Reino Unido, que tem dois edifícios em Londres, um em St. Ives e outro em Liverpool, anunciou o encerramento a partir de quarta-feira até 01 de maio, gesto repetido por outros museus e galerias de arte.
A Associação do Teatro de Londres, que representa os teatros do West End, e a organização UK Theatre, da qual fazem parte cerca de 165 salas em todo o país, suspenderam o funcionamento por tempo indefinido, tal como as redes de cinemas Odeon, Cineworld e Picturehouse.
A venda de bilhetes para concertos já caiu cerca de 27% e muitos espetáculos estão a ser cancelados, criando muita incerteza sobre a realização dos muitos festivais de verão, como Glastonbury, que celebra este ano o 50.º aniversário.
A UK Music, que representa o setor, pediu "clareza urgente", já que o governo aconselhou as pessoas a evitar teatros, bares e outros locais de convívio social e retirou o apoio de pessoal médico e polícia a eventos de grande dimensão, mas não proibiu a sua realização.
"Precisamos de clareza urgente do governo sobre o que significam exatamente estas novas mudanças. O governo deve especificar se vai haver uma proibição formal, quando entrar em vigor, quais locais e eventos serão afetados e por quanto tempo as medidas vão permanecer em vigor", defendeu o diretor, Tom Kiehl.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, determinou uma intensificação do plano de combate, nomeadamente o apelo à redução do contacto social e viagens desnecessárias e ao trabalho remoto a partir de casa.
Aconselhou também as pessoas a não frequentarem bares (pubs), restaurantes, cinemas, teatro, e determinou um maior tempo de isolamento para agregados familiares com membros que tenham sintomas, de sete para 14 dias.
Estas organizações e outras representantes da indústria da restauração receiam o impacto das medidas e apelaram ao reforço do apoio financeiro do governo, que deverá ser hoje anunciado pelo ministro das Finanças, Rishi Sunak, perante a insuficiência do pacote de 12 mil milhões de libras (13,2 mil milhões de euros) prometido no orçamento de Estado na semana passada.
A Associação Britânica de Bares e Cerveja (BBPA) avisou que a crise do Covid-19 já está a afetar os 'pubs' com "um efeito devastador" e alertou: "a própria existência de milhares de bares e muito mais empregos está agora em risco".
Uma empresa que não resistiu à pressão foi a rede de lojas de decoração Laura Ashley, que atribuiu a insolvência hoje declarada ao impacto da pandemia, enquanto a rede de loja de telemóveis e material eletrónico, Dixons Carphone, anunciou o encerramento de 531 lojas e o despedimento de 3.000 empregados.
Entretanto, a diretora-geral da Associação de Operadores de Aeroportos, Karen Dee, também pediu a intervenção do governo ao setor dos transportes, em especial aéreo, pois a proibição de viagens e redução de passageiros teve um impacto direto no movimento nos aeroportos britânicos.
"Estamos certos de que os aeroportos fecharão em semanas, a menos que sejam tomadas medidas urgentes para apoiar o setor", disse hoje.
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