Exército nigeriano responde ao Boko Haram queimando e forçando deslocação de aldeias

| Economia
Porto Canal com Lusa

Redação, 14 fev 2020 (Lusa) -- O Exército nigeriano queimou e forçou a deslocação de aldeias inteiras em resposta aos ataques recentes do Boko Haram, denunciou hoje a Amnistia Internacional (AI), com base em entrevistas e imagens de satélite recolhidas no nordeste da Nigéria.

Os militares detiveram ainda de forma arbitrária seis homens de aldeias deslocadas, prosseguindo um padrão de violações que a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos tem vindo a documentar no nordeste do país desde há uma década.

Os homens foram mantidos isolados em cativeiro durante quase um mês e submetidos a um tratamento desumano, antes de serem libertados em 30 de janeiro, segundo um relatório da AI hoje divulgado.

"Os atos vergonhosos de arrasamento de aldeias inteiras, destruindo deliberadamente casas de civis e deslocando à força os seus habitantes sem motivos militares imperativos, devem ser investigados como possíveis crimes de guerra", defendeu Osai Ojigho, diretor da Amnistia Internacional para a Nigéria, citado no relatório.

No documento, Osai Ojigho acrescentou: "Eles estão a repetir um padrão antigo das táticas brutais dos militares nigerianos contra a população civil. As forças alegadamente responsáveis por tais violações devem ser suspensas imediatamente e levadas à justiça".

O grupo radical islâmico Boko Haram tem vindo a realizar cada vez mais ataques no nordeste da Nigéria, desde dezembro do ano passado, em particular ao longo da importante estrada entre Maiduguri e Damaturu, as capitais dos estados de Borno e Yobe, no nordeste da Nigéria.

Em resposta aos ataques, apurou a AI no local, "os militares nigerianos recorreram a táticas ilegais que tiveram um efeito devastador sobre a população civil e podem ser considerados como crimes de guerra", acusou a ONG.

A AI entrevistou 12 mulheres e homens forçados a fugir de suas casas, em 03 e 04 de janeiro, de três aldeias próximas à estrada Maiduguri-Damaturu, entre Jakana e Mainok, no estado de Borno.

A organização também analisou os dados de deteção remota por satélite, que indicam a ocorrência de vários incêndios de grandes dimensões naquela área, por volta de 03 de janeiro.

Imagens de satélite de Bukarti, Ngariri, e Matiri mostram, por outro lado, que quase todas as estruturas habitacionais foram arrasadas. As imagens mostram ainda sinais de queimadas em aldeias vizinhas.

Os residentes de Bukarti e Matiri descreveram consistentemente à AI a intervenção de dezenas de soldados nigerianos, que chegaram a essas duas aldeias durante a tarde de 03 de janeiro.

De acordo com os testemunhos, os soldados foram de casa em casa e percorreram as terras agrícolas circundantes, forçando a população a juntar-se debaixo de uma árvore e transportando-a em seguida em camiões, depois de queimar as respetivas casas.

Mais de 400 mulheres, homens e crianças foram deslocados à força das duas aldeias e transportados para um campo de deslocados perto de Maiduguri.

"Ordenar a deslocação dos habitantes destas aldeias, onde a sua segurança ou razões militares imperativas não o exigiam, constitui um crime de guerra. A subsequente queima das suas casas pode ser também um crime de guerra", sublinhou a AI.

As operações militares ocorrem num contexto de aumento da atividade do Boko Haram ao longo da estrada entre Maiduguri e Damaturu, no nordeste do país.

No seu ataque mais mortífero desde o início do ano, em 10 de fevereiro, o grupo armado radical matou 30 pessoas naquela estrada, perto da aldeia de Auno.

Esse foi o sexto ataque do grupo armado a Auno em 10 meses, demonstrando o perigo crescente para os civis que vivem ao longo daquela rota vital, que liga o estado de Borno ao resto da Nigéria.

APL // LFS

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