Kremlin considera Crimeia como parte da Rússia a partir de hoje
Porto Canal
A Crimeia é considerada parte da Rússia a partir de hoje, anunciou a presidência russa depois de Vladimir Putin e os dirigentes da península autónoma assinarem um tratado bilateral para a integração da Crimeia na Federação Russa.
"A República da Crimeia é considerada como integrada na Federação da Rússia a partir da data da assinatura do acordo", indicou o Kremlin num comunicado.
Minutos antes, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um tratado bilateral de união com o primeiro-ministro da Crimeia, Sergui Aksionov, e outros dirigentes da península, na presença dos membros das duas câmaras do parlamento russo, dos governadores e dos membros do governo russo.
A cerimónia, transmitida pela televisão estatal, seguiu-se ao discurso de Putin sobre a Crimeia, no qual o presidente russo propôs ao Parlamento uma lei para integrar a Crimeia e a cidade de Sebastopol, base da Frota russa do Mar Negro, na Federação Russa.
"Proponho à Assembleia Federal (as duas câmaras do parlamento russo) que adote uma lei para incluir na Federação da Rússia dois novos sujeitos, a Crimeia e a cidade de Sebastopol", disse Putin ao discursar no Kremlin perante os deputados e senadores russos.
O presidente russo assegurou, no entanto, que não pretende nem precisa de dividir a Ucrânia.
"Quero que me ouçam: não acreditem naqueles que receiam que, depois da Crimeia, outras regiões se seguirão. A Rússia não quer dividir a Ucrânia. Não precisamos disso", disse.
Putin referia-se às regiões do leste e sudeste da Ucrânia, de população maioritariamente russa, as quais, afirmou, serão defendidas "por meios políticos e diplomáticos".
"No que diz respeito à Crimeia, sempre foi e será russa e ucraniana e crimeo-tártara", disse, acrescentando que a república autónoma "deve estar sob soberania da Rússia".
A Crimeia está no centro da tensão entre a Rússia e a Ucrânia desde a destituição, em fevereiro, do presidente ucraniano Viktor Ianukovich, considerado pró-russo.
As autoridades locais da península autónoma, de população maioritariamente russa, recusaram reconhecer o novo governo de Kiev e, segundo o governo ucraniano, Moscovo enviou milhares de tropas para o território.
No domingo, a união da Crimeia com a Rússia foi aprovada em referendo por 96,77% dos votantes e, na segunda-feira, o parlamento local declarou a independência em relação à Ucrânia e pediu oficialmente a anexação à Rússia.