Putin aprova projecto de tratado para incorporar Crimeia na Rússia
Porto Canal
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, aprovou um projeto de tratado para incorporar a Crimeia na Federação Russa, numa resolução publicada hoje no portal oficial russo de informação jurídica, noticia a agência EFE.
O documento, com data de segunda-feira, aprova "o projeto de Tratado entre a Federação Russa e a República da Crimeia sobre a incorporação da República da Crimeia na Federação Russa".
"Considerar conveniente a assinatura do tratado contemplado na presente resolução ao mais alto nível", conclui a resolução do chefe do Kremlin.
A agência France Presse noticia por seu lado, citando o Kremlin, que Putin informou hoje formalmente o parlamento russo do pedido do parlamento da Crimeia para se tornar parte da Rússia, naquele que é o primeiro passo legislativo para a anexação da península, até agora pertencente à Ucrânia.
Putin informou ambas as câmaras do parlamento, numa medida exigida pela constituição Russa.
Hoje, Putin intervém no parlamento, numa reunião extraordinária sobre a incorporação da Crimeia.
A intervenção do chefe de Estado está prevista para as 15:00 (11:00 em Lisboa), no mesmo formato em que Putin, uma vez por ano, apresenta o seu relatório sobre o Estado da Nação.
Já na segunda-feira o Presidente russo assinara um decreto que reconhece a independência da república autónoma ucraniana da Crimeia.
A Rússia, "tendo em conta a vontade do povo da Crimeia, expressa no referendo de 16 de março de 2014", decidiu "reconhecer a República da Crimeia como um Estado soberano e independente, onde a cidade de Sebastopol tem um estatuto especial", segundo o texto do decreto publicado pelo Kremlin e citado pelas agências russas.
De acordo com os números finais, 96,77% dos eleitores da Crimeia que votaram no referendo de domingo aprovaram uma união com a Federação Russa e na segunda-feira o parlamento local declarou a independência da Ucrânia e pediu oficialmente a anexação da Rússia.
O referendo é considerado ilegal pelas novas autoridades de Kiev e pela maioria da comunidade internacional. Só Moscovo defende que se trata de uma consulta "legítima".
Apesar da divergência, a França mantém por enquanto o convite a Putin para participar, a 06 de junho, nas comemorações dos 70 anos do desembarque das forças aliadas na Normandia, segundo garantiu hoje o ministro francês dos negócios estrangeiros.
As autoridades autónomas da Crimeia, que não reconhecem o novo Governo de Kiev, convocaram o referendo na sequência da deposição do Presidente ucraniano pró-russo Viktor Ianukovich, em fevereiro, após três meses de protestos intensos em Kiev em defesa da aproximação do país à União Europeia (UE).
Depois da destituição de Ianukovich, forças pró-russas assumiram o controlo da península, localizada no sul da Ucrânia.