Juros da dívida de Portugal a subir depois de mínimos desde a primavera de 2010 na terça-feira
Porto Canal / Agências
Lisboa, 12 mar (Lusa) -- Os juros da dívida soberana de Portugal estavam hoje a subir em todos os prazos, depois de terem descido até mínimos desde a primavera de 2010 e da publicação de um manifesto que pede a reestruturação da dívida.
Às 08:35 de hoje, os juros a dez anos estavam a subir para 4,407%, depois de terem terminado na terça-feira a 4,394%, abaixo da barreira de 4,5% pela segunda vez desde abril de 2010.
No prazo de cinco anos, os juros também estavam a subir, a negociarem a 3,363%, depois de terem terminado a 3,333%, um mínimo desde maio de 2010.
No prazo de dois anos, os juros estavam a subir, negociados a 1,431%, contra 1,426%, um mínimo desde janeiro de 2010.
O manifesto, revelado pelo jornal Público na terça-feira, é assinado por figuras da política de esquerda e de direita, como os ex-ministros das Finanças Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, Francisco Louçã, António Saraiva, Carvalho da Silva, Gomes Canotilho, Sampaio da Nóvoa, além de empresários e economistas, e pretende ser "um apelo de cidadãos para cidadãos", explicou o antigo ministro socialista das Obras Públicas João Cravinho, um dos subscritores.
João Cravinho, uma das 70 personalidades que assinou o manifesto que apela para a reestruturação da dívida pública, considerou que essa é a única forma de Portugal sair da crise.
"Não se trata de apelar a qualquer atitude futura que não seja a de respeito pelas melhores práticas de rigorosa gestão das finanças publicas", afirmou em declarações à agência Lusa, sublinhando que essa questão é "absolutamente essencial".
No entanto, referiu João Cravinho, essa gestão tem de ser feita "de modo a criar condições para que haja crescimento e emprego, porque sem isso [Portugal] nunca sairá da crise".
Na terça-feira, o primeiro-ministro disse que, se assinasse o manifesto para a reestruturação da dívida portuguesa, estaria a pôr em causa o cumprimento das metas orçamentais a que o país está obrigado e a enviar uma "mensagem errada".
"Se eu hoje quisesse por em causa o financiamento do país e destas políticas públicas, subscreveria o manifesto que hoje foi dado a conhecer e nessa medida tinha a certeza de estar a enviar a mensagem errada a todos aqueles que esperam que Portugal cumpra as suas realizações", disse Pedro Passos Coelho.
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