Síria: Líderes da UE limitam-se a repetir condenação à ofensiva turca
Porto Canal com Lusa
Bruxelas, 18 out 2019 (Lusa) -- O chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) limitaram-se hoje a endossar as conclusões adotadas pelos chefes de diplomacia dos Estados-membros na segunda-feira, reiterando a condenação à ofensiva militar turca no nordeste da Síria.
"A UE condena a ação militar unilateral da Turquia no nordeste da Síria, que causa um inaceitável sofrimento humano, mina a luta contra o Estado Islâmico e ameaça gravemente a segurança europeia", lê-se nas conclusões adotadas pelos líderes dos 28, que refletem, numa versão mais curta, aquelas que os ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco comunitário tinham aprovado na segunda-feira, no Luxemburgo.
O Conselho Europeu diz ainda ter "tomado nota" da pausa da ofensiva militar turca anunciada hoje pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, insta novamente a Turquia "a pôr fim à sua ação militar, a retirar as suas forças e a respeitar a lei humanitária internacional", e observa que "alguns Estados-membros" decidiram suspender a exportação de armas para aquele país.
"A UE mantém-se comprometida nos seus esforços para abordar efetivamente a séria crise humanitária e de refugiados, incluindo através do apoio aos Estados-membros que estão a enfrentar os maiores desafios em termos de fluxos migratórios no leste do Mediterrâneo", acrescentam as conclusões.
Mike Pence anunciou hoje em Ancara que a Turquia concordou suspender a sua ofensiva no nordeste da Síria, que terminará quando as forças curdas se retirarem da região.
O anúncio foi feito após as conversações que manteve, acompanhado pelo chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
No decurso de uma conferência de imprensa na capital turca, Pence precisou que a Turquia vai interromper a sua ofensiva no norte da Síria durante cinco dias e pôr termo à incursão militar após uma retirada das forças curdas dessa região e durante esse prazo.
O objetivo da operação militar desencadeada em 09 de outubro consiste em criar uma "zona de segurança" de 32 quilómetros de profundidade e 480 quilómetros de comprimento ao longo da fronteira entre a Turquia e a Síria para manter as Unidades de Proteção Popular (YPG, as milícias curdas que Ancara considera "terroristas") à distância e repatriar parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios que atualmente vivem no território turco.
A ofensiva turca surgiu após o anúncio do Presidente norte-americano, Donald Trump, de que as tropas dos Estados Unidos iam abandonar a zona em causa, e já causou pelo menos 72 mortos entre os civis e 203 entre os combatentes das FDS, segundo o último balanço do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que indica ainda 171 mortos entre os rebeldes sírios pró-turcos.
A Turquia deu conta da morte de seis soldados e de 20 civis de cidades turcas fronteiriças.
O OSDH calcula em 300.000 o número de deslocados devido à operação turca.
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