Ucrânia: China apela à "calma e contenção"
Porto Canal / Agências
Pequim, 08 Mar (Lusa) -- A China apelou hoje à "calma e contenção" na Ucrânia, salientando que, "devido à Historia" e aos "divergentes interesses" em jogo, a crise atual deve ser "tratada com prudência".
"A prioridade, agora, é evitar uma escalada da situação", disse o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi.
Wang Yi exortou as partes em conflito a "terem presente os interesses das diferentes comunidades étnicas e a paz e estabilidade regionais", defendendo "uma solução política" do diferendo que opõe as novas autoridades ucranianas à Rússia.
O MNE chinês falava numa conferência de imprensa organizada no âmbito da sessão anual da Assembleia Nacional Popular, que decorre até à próxima quinta-feira com cerca de 3.000 delegados.
Wang Yi considerou "lamentável" a evolução da situação na Ucrânia e disse que tem "estado em contacto" com homólogos de vários países, mas não precisou quais.
A posição que manifestou hoje é, contudo, mais neutral do que a da imprensa oficial chinesa, abertamente pró-russa.
Num comentário difundido na sexta-feira, a agência Xinhua descreveu a situação na Ucrânia como "um fiasco" dos países ocidentais, que terão "subestimado a vontade da Rússia de proteger os seus interesses vitais" naquele país.
"A Rússia pode já não estar interessada em competir com o Ocidente pela preponderância global, mas quando se trata de limpar a trapalhada que o Ocidente criou no quintal do país, os líderes russos demonstraram mais uma vez a sua credibilidade", diz o comentário.
Há três dias, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês, defendeu que a opinião pública chinesa deve estar firmemente ao lado da Rússia e apoiar a resistência russa às pressões ocidentais".
"A Rússia é o parceiro estratégico global em que a China mais pode contar", afirmou o jornal.
A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após o afastamento do ex-presidente Viktor Ianukovich e a presença de militares russos na Crimeia, península do sul do país onde está localizada a frota da Rússia do Mar Negro.
Na terça-feira, em conferência de imprensa, Vladimir Putin alegou que interveio na Crimeia a pedido de Ianukovich e anunciou que mantém o "direito de atuar" na Ucrânia, em último recurso, para defender cidadãos russos.
Já o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, anunciou um pacote de ajuda financeira à Ucrânia de 11 mil milhões de euros. Para quinta-feira está agendado um Conselho Europeu extraordinário para debater a situação.
A crise na Ucrânia começou em novembro com protestos contra a decisão de Ianukovich de recusar a assinatura de um acordo de associação com a UE e promover uma aproximação à Rússia.
Em fevereiro, após meses de manifestações e confrontos no centro de Kiev, Ianukovich foi afastado, tendo tomado posse um novo governo, pró-ocidental.
Em declarações posteriores, Ianukovich continua a apresentar-se como o Presidente legítimo da Ucrânia, posição que conta com o apoio da Rússia.
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