Ucrânia: "Equipas avançadas" da OSCE seguem hoje, falta acordo para missão -- EUA
Porto Canal / Agências
Viena, 03 mar (Lusa) -- "Equipas avançadas" de observadores da OSCE partem hoje à noite para a Ucrânia, mas objeções da Rússia ainda não permitiram um acordo para uma missão de observação, disse hoje a responsável da diplomacia dos EUA para a Europa.
"Foi anunciado que a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) vai iniciar hoje à noite o envio de observadores para a Ucrânia, que poderão dar factos neutrais e uma verdadeira avaliação dos factos no terreno", disse Victoria Nuland, subsecretária de Estado para a Europa e Eurásia, à imprensa em Viena.
A diplomata, que falava à margem de uma reunião ministerial extraordinária da OSCE, disse esperar que essas "equipas avançadas" sejam "autorizadas a viajar para a Crimeia, onde são mais necessárias, e para cidades chave do leste da Ucrânia".
Lamberto Zannier, secretário-geral da OSCE, precisou que há nesta altura três elementos da organização a caminho da Ucrânia. Se for aprovada uma missão, o número de observadores pode chegar aos 12.
Os representantes dos 57 Estados membros da OSCE não conseguiram ainda chegar a acordo sobre o envio de uma missão de observação, como defendem os Estados Unidos e a União Europeia, segundo Nuland.
O embaixador russo junto da OSCE, organização criada durante a Guerra Fria para a resolução de conflitos e observação de eleições, considerou que as missões de observação da OSCE nem sempre são positivas.
Em declarações à imprensa à margem da reunião em Viena, Andrei Kelin deu como exemplo o Kosovo, onde "os observadores contribuíram para piorar a situação", e a Ossétia do Sul, onde "agravaram a situação".
Victoria Nuland considerou por seu lado que uma missão de observadores "pode ir primeiro para a Crimeia, para ajudar a reduzir a tensão e proporcionar uma saída à Federação Russa se assim o decidir".
A Rússia "pode recuar as suas forças para as bases e vê-las substituídas por observadores independentes da OSCE e da ONU. (A Rússia) deve fazer uma escolha própria do século XXI", afirmou.
A Rússia enviou nas últimas horas tropas para a república autónoma da Crimeia, no sul da Ucrânia, de maioria russófona e estratégica para Moscovo, que ali tem a base da sua frota do Mar Negro.
A decisão foi tomada para proteger os cidadãos e soldados russos, depois de o governo autónomo ter rejeitado o novo governo da Ucrânia, formado pelos três principais partidos da oposição ao presidente Viktor Ianukovitch, atualmente exilado.
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