Utentes queixam-se de transtornos e consultas adiadas em Vila Real

| Norte
Porto Canal com Lusa

O cancelamento de consultas foi o efeito mais visível da greve dos médicos esta terça-feira no Hospital de Vila Real, onde utentes se queixaram de deslocações propositadas, de despesas “em vão” e faltas ao trabalho.

Atualizado 08-05-2018 16:31

Ao início da manhã, o cenário na unidade de Vila Real do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) era igual ao de outros dias: parque de estacionamento cheio e salas de espera também com muitos utentes, sentados ou em pé.

O cancelamento de consultas foi precisamente o efeito mais visível deste primeiro de três dias de greve dos médicos, embora outras consultas tenham também decorrido com normalidade.

Luísa Viana, 15 anos e natural de Celeirós, concelho de Sabrosa, esperou um ano pela consulta de oftalmologia e até teve de faltar um teste que tinha marcado para hoje. Esta manhã, ao chegar ao hospital, foi surpreendida pela greve.

“Disseram-me que o médico não veio. Tinha teste e já não vou conseguir fazê-lo, se soubesse da greve tinha ido ao teste”, salientou.

Agora, Luísa teme ter de esperar “mais um ano” por uma nova consulta. Dentro do serviço contou estar “muita gente”, a maior parte da qual “não vai ter consulta”.

João Cardoso veio também de Sabrosa e de propósito para uma consulta de fisiatria e, à saída da unidade hospitalar, disse estar “um pouco revoltado” por ter visto a consulta, “marcada há mais de meio ano”, cancelada devido à greve.

“Não tivemos um aviso prévio para evitar a deslocação. Tive que pedir o dia no trabalho para vir aqui. Agora, disseram-me que me enviavam uma carta para casa a avisar da nova consulta”, afirmou.

Maria Júlia Guedes fez mais de 50 quilómetros desde Santo Aleixo, concelho de Tabuaço, até Vila Real para a consulta de otorrinolaringologia que tinha agendada desde setembro.

“A gente sabia que havia greve, ouvimos no noticiário, mas resolvemos arriscar. Os transtornos são mais pelas despesas, porque estamos reformados e o tempo não se conta para nada”, acrescentou o marido, Urbano Santos.

Teresa Lopes acompanhou o marido para uma consulta de otorrinolaringologia que estava marcada há três meses e foi adiada. Vieram de Penajoia, em Lamego, e apesar dos transtornos de uma viagem “ de cerca de 30 a 40 quilómetros em vão”, Teresa disse compreender os direitos dos médicos à greve.

“Quando cheguei percebi que alguma coisa de anormal se passava e lá dentro é que me disseram que havia greve”, referiu.

Maximino Silva acompanhou a sua sogra desde Chaves, a mais de 60 quilómetros, para dois exames, uma mamografia e uma ecografia, que foram cancelados.

“O médico fez greve e ficamos agora a aguardar uma nova marcação destes exames que já estavam marcados há algum tempo”, salientou.

Maximino Silva afirmou que esta situação lhe provocou “transtornos” até porque teve que “faltar ao trabalho” e terá que “faltar outra vez” para regressar a Vila Real.

Os dois sindicatos que convocaram a paralisação – o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) - justificaram que a principal reivindicação para esta greve de três dias é “a defesa” do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.

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