Música ajudou "a moldar" a mentalidade de jovens em Angola

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Porto Canal com Lusa

Aveiro, 21 nov (Lusa) - O ativista angolano Luaty Beirão disse, na segunda-feira à noite, que a música tem um poder "muito forte para inspirar revoluções", tendo ajudado "a moldar" a mentalidade de muitos jovens em Angola.

Luaty Beirão falava durante uma tertúlia com o tema "Pode uma canção fazer uma revolução?", na abertura da 8.ª edição do Festival Sons em Trânsito, que decorre até 25 de novembro, em Aveiro.

Em resposta à pergunta da tertúlia, o ativista e 'rapper' disse que nenhuma música pode fazer uma "troca abrupta" de um sistema político por outro, mas pode "inspirar multidões que podem eventualmente provocar transformações sociais".

"A música, sobretudo o 'rap' e o 'hip-hop', conseguiu moldar esta juventude angolana, que hoje se torna adulta, que ocupa lugares na sociedade, e que pode eventualmente vir a transformar esta doença que temos agora, em Angola", disse Luaty.

O luso-angolano contou que quando foi detido, em 2015, a pessoa que o estava a interrogar disse-lhe que era 'rapper' e que também havia um juiz que era 'rapper', considerando "revigorante" perceber como a música conseguiu "inspirar e influenciar pessoas para seguirem um caminho bom".

Também presente na tertúlia, o músico Pedro Abrunhosa comparou a "carga simbólica" da resistência de Luaty, em Angola, e das músicas "E Depois do Adeus" e "Grândola Vila Morena" que "espoletaram" o 25 de Abril, em Portugal.

"Num momento de negritude do país, num momento de grande repressão, de violência, é fascinante que a revolução portuguesa seja simbolizada por duas músicas e que no caso das transformações em Angola ela seja antecipada e representada também por um músico", considerou.

O autor da polémica canção "Talvez F", que foi profusamente utilizada como canção de protesto contra o Governo de Cavaco Silva em 1995, reconheceu que esta é "profundamente política", mas não foi feita com "intuito incendiário".

"A realidade é que a canção tinha, no Portugal de então, todos os ingredientes para ser incendiário. Tinham passado 19 anos da revolução do 25 de Abril, era um Portugal de chinelo, de pobreza profunda, de analfabetismo e sobretudo de uma grande subserviência e de auto-exclusão", disse.

Produzido pela Sons em Trânsito e pelo Teatro Aveirense, o Festival Sons em Trânsito, que este ano cresceu de quatro para cinco dias, apresentou o cartaz "mais cosmopolita do outono português", com sessões de contos e atuações musicais pautadas pela "diversidade, tolerância e abertura à diferença".

A primeira noite de música, no dia 22, traz a Aveiro The Touré-Raichel Collective (Mali/Israel) e o trio Egschiglen (Mongólia).

No dia 23, vão subir ao palco do Sons em Trânsito o pianista cubano Roberto Fonseca e Vinicio Capossela, cantautor e poeta italiano.

O cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler e Júlio Resende, um dos mais prestigiados e internacionais pianistas portugueses, fazem parte do alinhamento do terceiro dia do Festival.

No último dia do Festival, sobem ao palco Mulatu Astatke (Etiópia) e Liniker & Os Caramelows (Brasil), embaixadores do funzy - termo criado pela banda para definir a sua música, mistura da R&B e Soul americanas com as raízes da música brasileira e africana.

A tradição dos contadores de histórias volta a marcar presença no Festival com a contribuição de Quico Cadaval no dia 24, imediatamente a seguir aos concertos, e no dia seguinte, durante a tarde. Também no dia 25, mas de manhã, Ivo Prata conduzirá uma sessão de contos infantis para toda a família.

Os bilhetes diários custam 15 euros.

JYDN // EJ

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