Antigo PR faz parte do "ADN coletivo" do país - Mário Cláudio

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Porto Canal com Lusa

Porto, 07 jan (Lusa) -- O escritor Mário Cláudio recordou o antigo Presidente da República Mário Soares, que hoje morreu aos 92 anos, como um homem de Cultura que faz parte do "património anímico" e do "ADN coletivo" de Portugal.

"Trata-se de uma figura histórica. Sem ele a nossa democracia não se teria consolidado. A entrada na Europa provavelmente teria sido uma coisa completamente diferente, ou em momento diferente. Neste momento, faz parte do nosso património anímico, do nosso ADN coletivo", afirmou Mário Cláudio à Lusa.

O escritor lembrou o momento em que conheceu Soares, em 1992, no lançamento do livro "Tocata para dois clarins", quando o então chefe de Estado apareceu "inesperadamente" na apresentação da obra, acompanhado pela escritora Natália Correia.

"Eu era um autor, nessa altura, já relativamente conhecido, mas tinha aparecido há pouco tempo. Ele apareceu na companhia da Natália Correia, foi muito simpático, trocámos nessa ocasião algumas palavras. Tive outros contactos, na altura do centenário camiliano, de que eu fui comissário, e aí encontrámo-nos na Cadeia da Relação, precisamente na cela onde o Camilo [Castelo Branco] tinha estado preso", afirmou Mário Cláudio.

O escritor lembrou Mário Soares como "um homem de Cultura, o que nem sempre acontece com os políticos e às vezes nem sequer com os presidentes da República".

"[Mário Soares] era uma personalidade extremamente elegante, que estava tão disposta a ouvir os outros como a expressar em termos muito corajosos os seus pontos de vista, mesmo que fossem contra o politicamente correto. Fico com alguma saudade dessa figura e espero que tenha deixado algum magistério (...) naquilo que é ou que deverá ser a nossa ética política", disse o autor.

Mário Soares morreu hoje, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.

O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.

Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.

Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.

Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.

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