Abbas encarrega académico de formar novo Governo palestiniano
Porto Canal / Agências
Ramallah, 02 jun (Lusa) -- O reitor da Universidade de Nablus, na Cisjordânia, Rami Hamdallah, anunciou hoje que foi encarregado pelo presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, de formar o novo Governo.
"O presidente Abbas encarregou-me de formar um novo Governo e eu aceitei", declarou Hamdallah, reitor da Universidade Al-Najah, em Nablus, no norte da Cisjordânia, depois de ter sido recebido ao fim da tarde por Abbas, na sede da presidência da Autoridade Palestiniana, em Ramallah, na Cisjordânia.
Este anúncio surge no último dia do prazo legal de cinco semanas para encontrar um sucessor para o primeiro-ministro Salam Fayyad, em gestão corrente desde a sua demissão, a 13 de abril, na sequência de um desacordo com o presidente Abbas sobre a demissão, em março, do ministro das Finanças, Nabil Qassis.
Mas o conflito entre Abbas e Fayyad, um economista independente bastante prestigiado entre a comunidade internacional, remontava a setembro, quando a política orçamental do primeiro-ministro começou a ser contestada, e agravou-se com as manifestações que exigiam a sua saída, apoiadas em particular por dirigentes da Fatah, o movimento de Abbas, segundo fontes políticas citadas pela agência de notícias francesa AFP.
"O Governo será formado nos próximos dias. A maioria dos ministros do Governo cessante manter-se-ão e eu nomearei um novo ministro das Finanças", acrescentou Hamdallah, também secretário-geral da Comissão Eleitoral Central (CEC) e presidente do diretório da Bolsa Palestiniana, sediada em Nablus.
Rami Hamdallah, membro da Fatah, é doutorado em Linguística Aplicada pela Universidade britânica de Lancaster.
A Fatah e o Hamas, que governam, respetivamente, as zonas autónomas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, saudaram a demissão de Fayyad como uma oportunidade para aplicar os acordos de reconciliação do Cairo (abril/maio de 2011) e de Doha (fevereiro de 2012), mas as suas expectativas não se concretizaram.
Esses acordos previam que os Governos rivais de Fayyad e do primeiro-ministro do Hamas, Ismail Haniyeh, cedessem o lugar a um executivo transitório não-partidário, encarregado de organizar eleições, mas as principais cláusulas permaneceram letra morta e os prazos foram repetidamente prolongados.
Numa nova reunião no Cairo, a 14 de maio, Fatah e Hamas estabeleceram um novo prazo de três meses para formarem um Governo de unidade nacional e convocarem eleições simultâneas.
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