Presidente do BCP crítica concorrência do Estado nos produtos de poupança

| Economia
Porto Canal / Agências

Lisboa, 04 nov (Lusa) - O presidente do Banco Comercial Português (BCP), Nuno Amado, considerou hoje que o papel do Estado na captação de aforro se devia limitar à regulação, criticando a concorrência do novo produto de poupança estatal aos depósitos bancários.

"Nós já temos muita concorrência no setor. O Estado devia regular e não ser um 'player' [operador] ativo no mercado", afirmou o banqueiro, sublinhando que "não é o que está a acontecer", mas escusando-se a tecer mais comentários porque "é uma decisão do Ministério das Finanças".

Nuno Amado tinha sido questionado pelos jornalistas sobre a sua posição acerca dos Certificados de Tesouro Poupança Mais, o novo produto de poupança do Tesouro. Lançado na quinta-feira pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, este instrumento atraiu 59,7 milhões de euros em apenas dois dias, segundo os dados fornecidos à agência Lusa pela entidade pública.

O presidente do BCP realçou ainda que "cada mil milhões de euros que vão para o financiamento do Estado não vão para o financiamento dos privados".

E reforçou: "Eu creio que o país necessita de ter o setor privado mais dinâmico, para que possa puxar pela economia. Se este produto chegar ao nível anunciado, entre os dois mil milhões de euros e os 2,5 mil milhões de euros, penso que é possível ser acomodado".

Na quinta-feira, primeiro dia em que estiveram disponíveis para subscrição, o encaixe foi de 33,1 milhões de euros. Já hoje, até às 17:00 (só nos Correios de Portugal - CTT), foram subscritos mais 26,6 milhões de euros, revelou o IGCP.

Os Certificados do Tesouro Poupança Mais podem ser subscritos nas estações dos CTT - Correios de Portugal por investidores particulares, por prazos de cinco anos, com remunerações que vão dos 2,75% no primeiro ano aos 5% nos quarto e quinto ano.

Estes certificados custam um euro cada e o montante mínimo de subscrição é de mil unidades, ou seja, mil euros. O máximo que um investidor pode subscrever é um milhão de unidades.

Desde o início deste ano que o atual Governo e o IGCP, que gere a dívida pública, têm dito que querem beneficiar do aumento da poupança, pelo que trabalham em novos instrumentos de poupança que captem o interesse dos portugueses para investir em dívida pública.

Os Certificados do Tesouro Poupança Mais são a nova forma de as famílias portugueses acederem a títulos de dívida pública, em que os mais populares ainda continuam a ser os certificados de aforro.

DN/IM (CSJ) // ATR

Lusa/Fim

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