Fernando Ruas deixa Câmara de Viseu sem concluir obras que considera importantes

| Política
Porto Canal / Agências

Viseu, 18 out (Lusa) -- A construção de um centro de artes e de uma praia fluvial e alguns melhoramentos na estrutura viária são obras que Fernando Ruas (PSD) gostaria de ter feito antes de deixar a presidência da Câmara de Viseu.

Depois de 24 anos no poder, Fernando Ruas participou na quinta-feira na sua última reunião de Câmara, uma vez que o novo presidente eleito, Almeida Henriques (PSD), toma posse na próxima semana.

Se tivesse podido ficar mais tempo à frente dos destinos do concelho de Viseu, Fernando Ruas assegura que teria construído o Centro de Artes e Espetáculos, que custaria entre 10 e 12 milhões de euros.

"Não o fizemos apenas por respeito à conjuntura, porque fica na Câmara o projeto e o dinheiro", disse o autarca em entrevista à agência Lusa, lembrando a boa saúde financeira da autarquia, que deixará um saldo orçamental para a gerência seguinte superior a 22 milhões de euros.

Também a praia fluvial, que tinha sido uma promessa para o mandato que agora termina, pode ser construída a partir do momento em que haja financiamento para um açude junto ao local onde nasce o Rio Pavia.

"Toda a gente sabe que a água do Rio Pavia não dá para uma praia fluvial. Quando chegasse ao verão não haveria praia. A praia está dependente de quê? De um açude situado no Catavejo", explicou.

Este açude iria "regularizar as cheias no inverno e possibilitava que a água fosse libertada de acordo com as necessidades no verão", acrescentou.

Quanto à estrutura viária, Fernando Ruas gostaria de ter alargado para quatro vias a saída da cidade para a Estrada Nacional 16 (em direção ao Caçador), à semelhança do que aconteceu em quase todas as restantes.

"O projeto está pronto, agora há que entrar na fase que é sempre mais complicada, que é a do financiamento, e na fase da expropriação", acrescentou.

Se tivesse tido tempo, também teria feito uma ligação da Estrada Nacional 337 (saída para Figueiró) à zona das Colinas Verdes, em Repeses.

Segundo Fernando Ruas, esta ligação "permitiria que todo o trânsito que viesse da autoestrada para Viseu por aquele lado não tivesse sequer necessidade de passar na circunvalação". Neste caso, ainda não há projeto, mas "o esboço está feito".

O autarca contou que a transição para a presidência de Almeida Henriques tem estado a ser feita com a explicação dos dossiês iniciados, mas que estão em trânsito.

"É uma diferença substantiva para aquilo que eu encontrei. Eu só cheguei a este gabinete quando me deram a chave, não tive ninguém que me explicasse coisa nenhuma", recordou.

Como marcos dos seus mandatos, apontou a finalização da circunvalação e a resolução do problema de abastecimento de água -- "que todos os anos faltava durante 15 dias, um mês" -, num concelho que aumentou a sua população em mais 20 mil pessoas.

A construção do hospital, do edifício do Instituto Português da Juventude, do tribunal e da Expobeiras foram outras obras onde considera que a intervenção da Câmara teve um papel fundamental.

"Quando alguém se propunha a desenvolver determinado tipo de estrutura, lá estávamos nós com a parte que nos dizia respeito. Foi preciso fazer o hospital e lá estávamos nós com o terreno limpo e livre. Foi preciso fazer as autoestradas e lá estávamos nós a ajudar a desencravar as terras", referiu.

Depois de tantos anos de dedicação à Câmara de Viseu, Fernando Ruas vai, para já, por em dia "muitas coisas da vida privada" que deixou para trás, apesar de ter "uma série de solicitações em carteira".

Para que não se engane, tem uma estratégia: colocar uma folha A4 no volante do carro a dizer "não passar pela Câmara".

"Porque posso, depois desta prática tão rotinada, levantar-me um dia, fazer a barba, agarrar na pasta e ir de carro para a Câmara. Isso vou ter de evitar. Eu acho que era bem recebido, mas de qualquer maneira era uma chatice", gracejou.

AMF // JLG

Lusa/fim

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