Santoro "empenhada" em resolver excesso de exposição do banco a Angola
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 19 abr (Lusa) - A Santoro Finance garantiu hoje que, apesar de as negociações para alcançar um acordo com o CaixaBank relativamente ao BPI terem fracassado, continua empenhada em resolver o problema do excesso de exposição do banco português a Angola.
"A Santoro sempre esteve empenhada em contribuir para uma solução do problema, criado pelo BCE [Banco Central Europeu], do risco de exposição do BPI a Angola e, por isso, afirma que, apesar da legislação do Governo português e da OPA do CaixaBank ao BPI, este dossiê ficou por resolver", lê-se num comunicado divulgado pela Santoro.
No documento, a sociedade angolana que é controlada por Isabel dos Santos - e que é o segundo maior acionista do BPI, atrás do catalão CaixaBank - realçou que "no entretanto, o CaixaBank já beneficiou os seus cofres em cerca de 235 milhões de euros".
E destacou: "Mantemos a nossa intenção de conduzir este processo de forma a responder aos interesses de todas as partes envolvidas, respeitando sempre os princípios da idoneidade e transparência".
O CaixaBank reagiu ao falhanço das negociações com a Santoro Finance com o lançamento de uma nova Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre o Banco BPI, oferecendo uma contrapartida de 1,113 euros por cada ação.
O banco catalão (o maior acionista do BPI, com 44,10%) já fez o anúncio preliminar da operação ao mercado, passo necessário para se dar início a este processo com o qual o CaixaBank quer ficar a controlar mais de 50% do banco liderado por Fernando Ulrich.
No ano passado, o CaixaBank lançou uma OPA sobre o BPI, que acabou por fracassar por não ter sido conseguida a desblindagem dos direitos de voto, condição considerada essencial para a operação avançar.
Então, foi oferecido 1,329 euros por cada ação, o que valorizava o banco português em perto de 1,9 mil milhões de euros.
Já na OPA voluntária anunciada esta segunda-feira, o banco catalão oferece 1,113 euros, ou seja, o BPI é avaliado em 1,6 mil milhões de euros.
O anúncio da OPA surgiu na segunda-feira, um dia depois de o banco português ter avisado o mercado de que tinha ficado sem efeito um princípio de acordo entre o Caixabank e o segundo maior acionista do banco, os angolanos da Santoro Finance, sobre o controlo da instituição portuguesa.
O princípio de acordo, anunciado a 10 de abril, visava resolver o problema da elevada exposição do banco português a Angola.
Apesar de o Banco de Fomento Angola (BFA) ter representado no ano passado mais de 50% do lucro do BPI, ou seja, 135,7 milhões de euros de um total de 236,4 milhões, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou em 2014 a alteração da forma de contabilização dos bancos europeus com negócios em Angola, penalizando o capital.
O BPI passou então a ter de reduzir a sua exposição àquele país, mas isso fez vir ao de cima as divergências entre o Caixabank, o principal acionista do BPI - com 44,10% do capital social, apesar de só poder exercer 20% dos votos - e a Santoro, da empresária angolana Isabel dos Santos, que detém 18,58% do capital.
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