Saldo externo positivo mostra que Portugal é competitivo no euro - Ulrich

| Economia
Porto Canal / Agências

Lisboa, 08 out (Lusa) - O presidente do Banco BPI, Fernando Ulrich, considerou hoje que a melhoria que se tem verificado na balança de bens e serviços, que deverá ser excedentária em 2013, demonstra que Portugal é uma economia competitiva na Zona Euro.

"Portugal é competitivo no euro", afirmou o banqueiro, durante a conferência "Competitividade e Crescimento", organizada pela consultora A.T. Kearney, em Lisboa, realçando que "o comércio externo em Portugal não pode ser subsidiado".

E acrescentou: "A balança de bens e serviços fechou 2012 equilibrada e tudo indica que vai ser excedentária em 2013, graças ao crescimento das exportações - que já vem de trás, não com a 'troika', desde 2000, com a exceção do ano de 2009. O que tínhamos era uma política económica errada que fez as importações crescerem até 2008".

Ulrich apontou para a evolução positiva da balança de serviços, que quadruplicou entre 2000 e 2013 e salientou que "se não tivesse havido uma alteração enorme na economia portuguesa isto não era possível".

O responsável assinalou também que a dívida externa está a cair e que os custos com juros estão a baixar, sublinhando que a dívida externa global portuguesa cresceu entre 2000 e 2010 e, desde então, está a descer.

"O problema está no Estado", afirmou, apontando para as receitas totais que, em 2013, são pouco superiores às de 2008.

"Entre 2000 e 2013 o saldo primário é sempre negativo. Ou seja, o Estado não pode pagar as despesas só com as receitas, mesmo sem levar em conta a dívida", disse o banqueiro.

O presidente do BPI disse que uma das diferenças existentes entre Portugal e Itália e que permite àquele último país continuar a financiar-se no mercado está no saldo primário, que no país transalpino tem sido "sempre positivo".

E revelou que no banco que lidera os custos baixaram 15% entre 2007 e 2013, uma evolução "semelhante a muitas empresas portuguesas". Já no Estado, a despesa primária sobe 4%, ao contrário das despesas de funcionamento, que recuaram 12,3% nesse período.

Por isso, o Estado "vai ter que fazer mais" ao nível dos custos com as prestações sociais, que avançam desde 2007.

"Não consigo aceitar como é que não nos conseguimos entender que Portugal tem que ter um superavit primário permanente", lançou, frisando que "a argumentação para falar com os credores ainda é pobre".

Na sua opinião, o consenso em torno da necessidade de o país apresentar consistentemente um saldo primário positivo devia envolver toda a classe dirigente, política e empresarial.

"Do Presidente da República a todos os partidos, aos sindicatos, à comunicação social e aos empresários", opinou.

Isto, porque, na sua opinião, "alguém que vai falar com os credores sem ter sequer dinheiro para o dia-a-dia está nas suas mãos", numa posição muito fragilizada.

"Deixemos o setor privado e produtivo continuar a fazer a sua revolução silenciosa", acrescentou Ulrich.

O banqueiro disse que é necessário explicar às pessoas os esforços que estão a ser feitos e que "não é altura de baixar os braços".

E ilustrou: "Eu não percebo o que o Governo anda a fazer em termos de prestações sociais".

Nota ainda para um desabafo de Ulrich, quando referiu que, caso estivesse no lugar do primeiro-ministro, Passos Coelho, ter-se-ia demitido logo após o primeiro chumbo do Tribunal Constitucional às medidas propostas pelo Executivo.

Ulrich concluiu que "se os principais líderes políticos dissessem hoje que Portugal ia passar a apresentar um excedente primário de forma duradoura, nem que fosse de mil milhões de euros, esse seria um passo potente para mostrar aos investidores" que o país está a tratar da sua situação económica "a sério".

DN // ATR

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