Bragança, 12 set (Lusa) -- O candidato do PS à Câmara de Bragança, Júlio Meirinhos, mostrou-se hoje "espantado" por no mês de agosto as aldeias do concelho ficarem sem transportes públicos com alegado argumento de que as populações têm boleia dos emigrantes.

Meirinhos viajou hoje à tarde, em dia de feira, na cidade, num autocarro apinhado de idosos que regressavam a casa nas aldeias de uma das linhas rurais dos transportes públicos municipais.

O candidato ouviu, durante a viagem que a Lusa acompanhou, queixas do desencontro de horários, das poucas vezes que a carreira passa na aldeia e do desconforto dos utentes essencialmente idosos que têm de viajar de pé ou sentados nos degraus do autocarro.

Uma das queixas que o espantou foi a de durante o mês de agosto não haver transportes públicos para estas aldeias, "sustentando-se, segundo dizem, que há suficientes emigrantes que lhe possam resolver a vida".

Júlio Meirinhos viajou de pé, assim como muitos dos passageiros do autocarro que como todos os transportes públicos tem lugares reservados para idosos, mas não pode satisfazer essa prioridade porque tanto os que vão sentados como os que têm de viajar de pé estão na mesma condição.

Carlos Pinto, de 74 anos, e outros passageiros, encontraram alternativa nos degraus do veículo, mas sujeito a levantar-se sempre que se aproxima uma paragem e alguém pretende sair.

O preço do bilhete para a aldeia de Salsa é "menos mal"- dois euros - o autocarro é que "deveria era de ser mais confortável e mais vezes".

Do mesmo se queixa Júlio Rodrigues que, na aldeia de Serapicos, só tem autocarro duas vezes por semana e nos dias de feira na cidade de Bragança.

Este utente reclama ainda "ma horário um bocadinho mais cedo", já que o transporte só sai da aldeia às 09:30 e dá pouco tempo até ao regresso para tratar de todos os assuntos na cidade.

"Eu constatei que há aqui pessoas de 80 e mais anos, alguns com canadianas, com problemas de estabilidade e escandalosamente têm que ir de pé porque não há lugar", observou o candidato socialista que promete rever estes problemas se for eleito.

Meirinhos argumenta que o transporte "é um serviço público que as populações sacrificadas ao longo de décadas merecem e se é necessário não fazer uma nova rotunda, uma coisa rara e esquisita como uma praça de touros nesta região, dará certamente para acudir a estas pequenas necessidades e por os serviços eficientes".

Mesmo nas linhas urbanas, dentro da cidade de Bragança, o candidato aponta falhas com circuitos em que "as pessoas têm de parar e utilizar dois autocarros".

A câmara de Bragança é liderada há 16 anos pelo social democrata Jorge Nunes, que não se recandidata por ter atingido o limite de mandatos.

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