Ânimos exaltam-se em debate televisivo entre candidatos a Gaia
Porto Canal
Os ânimos estiveram exaltados no debate da noite de terça-feira entre sete candidatos à Câmara de Gaia, que durante duas horas trocaram acusações e esgrimiram argumentos sobre quem será o melhor sucessor de Luís Filipe Menezes.
As críticas, acusações, "ataques fulanizados", "pequenas tricas" e "troca de galhardetes" foram mesmo o ponto forte do debate que apenas na segunda parte conseguiu ouvir algumas propostas, ou "promessas", concretas.
"Tanta ignorância", dizia um, "lá está você a interromper-me", respondia outro, "há uma concertação de ataques", atalhava um, "está a mentir", acusava outro; tudo durante o debate televisivo, promovido pelo Porto Canal e pelo Instituto Politécnico do Porto, que reuniu sete dos oito candidatos a Gaia no Teatro Helena Sá e Costa.
Na sala, Eduardo Pereira (BE), Jorge Sarabando (CDU), Cristiana Máximo (PCTP/MRPP), Eduardo Vítor Rodrigues (PS), Carlos Abreu Amorim (PSD/CDS), Guiherme Aguiar (independente) e Manuel Vieira Machado (MCG) -- o candidato do PTP Manuel Almeida esteve ausente -- procuraram demonstrar a sua legitimidade para suceder a Menezes.
"Não é quem vem de fora do município que pode assumir-se [como herdeiro]", afirmou logo a abrir o candidato socialista, Vítor Rodrigues, lembrando a sua experiência em Gaia como vereador da oposição nos últimos quatro anos e como ex-presidente de junta.
Prontamente ouviu a resposta do social-democrata, Abreu Amorim, que se considera "continuador" da obra de Menezes e para quem a "questão da certidão de nascimento é uma coisa pequenina", sendo que o que conta é o "estofo político".
Em seguida, o independente José Guilherme Aguiar, que fez questão de dizer não ser "herdeiro", recordou ter estado junto de Menezes durante os 12 primeiros anos dos seus mandatos e ter 20 anos enquanto autarca em Gaia, embora se tenha deslocado até Matosinhos nos últimos quatro.
Da CDU veio também a nota de Sarabando, "eleito em Gaia desde 2005", morador no concelho "há 40 anos" e há oito anos a "alicerçar um projeto".
Também Eduardo Pereira, do Bloco, quis contar como reside "há 20 anos e meio" naquela cidade.
O independente Vieira Machado optou por criticar os partidos políticos e os seus dirigentes e Cristiana Máximo, do PCTP/MRPP, assumiu-se como "cidadã comum" sem experiência política que quer apenas "defender os direitos dos cidadãos".
Lembrando a obra do autarca que ao fim de 16 anos abandona a cadeira do poder em Gaia, os candidatos foram, numa primeira fase, unânimes (com exceção ao MCG) em reconhecer o trabalho de Menezes na cidade, admitindo ter tido "coisas positivas" (CDU), "algumas melhorias" (BE), "bom trabalho" (PCTP/MRPP) e "coisas fantásticas" (Guilherme Aguiar).
Mais tarde, o tema da dívida de Gaia entrou no debate com Guilherme Aguiar a distinguir positiva -- "que resultou da melhoria da qualidade de vida dos gaienses" -- de negativa -- "como o subsídio ao Marés Vivas".
Da esquerda, a CDU considerou existir "um problema de saneamento financeiro", com "dívidas a fornecedores desde 2003", e o BE avançou mesmo com uma dívida de "mais de 270 milhões de euros", valor contraposto pelo MCG que estimou 360 milhões de dívida consolidada a 31 de dezembro de 2012.
Ainda que com propostas diferentes, os sete candidatos encaram o nível do desemprego no concelho como um dos principais problemas a combater.
Nenhum dos candidatos ficou imune a acusações com CDU e BE a criticarem o PS por ter estado ao lado de Menezes nos últimos anos, o PS a acusar o MCG de "oportunismo", o MCG a criticar todos os partidos e candidatos por se "esquecerem do que prometeram", Guilherme Aguiar a acusar o PSD de "complexo de inferioridade" e este último a responder: "tanta ignorância".