Costa acusa Passos de querer desvalorizar a Caixa para a privatizar

| Política
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 21 ago (Lusa) - O secretário-geral do PS, António Costa, defendeu hoje que a única explicação para o "inqualificável ataque" do primeiro-ministro à Caixa Geral de Depósitos passa pelo objetivo de desvalorizar o banco do Estado para o privatizar.

Numa entrevista ao semanário Sol, António Costa admite também um Governo de Bloco Central apenas numa "situação absolutamente extrema" e apresenta Pedro Passos Coelho como "uma pessoa intransigente e com quem é impossível acordar qualquer entendimento".

O líder socialista revelou ainda que António Sampaio da Nóvoa o consultou antes de avançar com a candidatura presidencial, certificando-se de que António Guterres, Jaime Gama e António Vitorino não seriam candidatos.

Relativamente às privatizações, para António Costa, "a ideia de que a fúria privatizadora do governo está esgotada não é verdade, a direita não esgotou o seu arsenal de maldades" e "tem mais austeridade para apresentar".

Questionado sobre se Passos Coelho pode avançar para a privatização da Caixa Geral de Depósitos, António Costa respondeu que "a única explicação racional para o inqualificável ataque do primeiro-ministro à Caixa é desvalorizá-la para a seguir a privatizar".

"Foi assim que fizeram com a TAP, foi assim que fizeram com a Cimpor, foi aquilo que fizeram com tudo o que venderam mal vendido", acrescentou, reafirmando ainda sobre a TAP que deseja que a companhia se mantenha nacional e neste momento "não há nenhuma venda, apenas uma promessa de venda sujeita ainda à condição de várias autorizações".

Em declarações a um jornal económico, no mês passado, o primeiro-ministro manifestou-se preocupado por a Caixa Geral de Depósitos ainda não ter começado a devolver o empréstimo estatal de recapitalização de 900 milhões de euros (até 2017), ao contrário de outros bancos privados.

Na entrevista ao Sol, Costa argumentou que o Bloco Central "nunca é saudável" e que, por princípio não o defende, admitindo-o apenas em circunstâncias extremas. Perante o pedido para dar um exemplo, respondeu: "Uma ameaça de invasão de marcianos. Falando a sério, não sei. Numa situação absolutamente extrema".

Numa entrevista em que volta a defender a necessidade de uma maioria absoluta, o líder do PS refere-se a "duas longas conversas" que, enquanto autarca, teve com Passos Coelho, sobre a Carris e o Metro.

"Percebi ao fim de cinco horas das razões porque ninguém consegue um acordo com ele. Muito simpático, amável, cortês, do ponto de vista pessoal nada tenho a apontar mas de uma arrogância intelectual que o conduz a ser uma pessoa intransigente e com quem é impossível acordar qualquer entendimento. Incapaz de construir soluções e com o potencial de criar problemas que antes não existiam", disse.

No capítulo das eleições presidenciais, Costa afirma que não ficou surpreendido ou perturbado com o anúncio da candidatura de Maria de Belém e revelou que Sampaio da Nóvoa, antes de apresentar a candidatura quis confirmar "da indisponibilidade de António Guterres, Jaime Gama e António Vitorino" e lhe perguntou se o PS "via algum obstáculo à sua candidatura", que desejava afirmar "como da cidadania", embora considerando importante o apoio dos socialistas.

Ciente de que, pelos prazos definidos pela lei, José Sócrates pode ser libertado durante a campanha eleitoral, António Costa diz que não deverá visitá-lo em casa se tal acontecer, justificando a decisão com falta de tempo motivada pelos afazeres de campanha.

Questionado sobre se está disponível para oferecer protagonismo ao seu antecessor na liderança do partido, António José Seguro, na campanha eleitoral, o secretário-geral socialista afirmou: "Todos os militantes do PS estão convocados para participar ativamente na campanha. Não quero forçar ninguém a participar e quanto a ele, um militante qualificado, a ter uma participação será com certeza qualificada".

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