FMI pede ao novo governo que recupere ímpeto reformista

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Porto Canal

O Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu hoje que "é fundamental" recuperar o impulso reformista "quando for formado um novo governo", depois das eleições legislativas de outubro, destacando o mercado de trabalho e o setor público como áreas chave.

No relatório hoje publicado relativo à segunda missão de monitorização pós-programa, que teve lugar de 04 a 12 de junho, o FMI afirma que "vai ser fundamental recuperar o momento das reformas estruturais quando for formado um novo governo" e que a atual recuperação económica e o início de um novo ciclo político constituem "uma oportunidade favorável para avançar com reformas, particularmente nas áreas do mercado de trabalho e do setor público".

Além disso, a instituição liderada por Christine Lagarde entende que é importante garantir que as reformas introduzidas no mercado de produto nos últimos anos "são totalmente adotadas como previsto" para que seja possível alcançar "resultados tangíveis", ao mesmo tempo que sublinha a necessidade de assegurar que "as difíceis reformas já feitas, como a contenção do aumento dos custos energéticos, não são revertidas".

O Fundo refere que a recuperação económica de Portugal continua em curso, mas alerta para o peso das dívidas pública e privada que "limita as perspetivas de crescimento de médio prazo" numa altura em que "os fatores cíclicos favoráveis estão a enfraquecer".

Quanto ao investimento, a missão do FMI considera que a recuperação verificada no primeiro trimestre "é encorajadora", mas deixa um aviso: "Vai ser difícil manter [essa recuperação] sem mais esforços para reduzir o peso da dívida das empresas e sem aliviar os constrangimentos estruturais" que travam a realocação de recursos de empresas não viáveis para as outras.

"Sem mais progressos nas reformas estruturais - e melhorias na competitividade externa - o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] vai ficar dependente da procura interna, que está limitada pelo crescimento lento do rendimento disponível e pelo elevado peso da dívida", alerta o FMI.

No que se refere às exportações, a instituição afirma que Portugal beneficiou da "forte recuperação" económica de Espanha, mas reitera que é preciso "um progresso mais rápido das reformas para promover a competitividade externa e expandir as quotas de mercado no médio prazo".

Do lado dos riscos, o FMI coloca a Grécia no topo das preocupações, uma vez que, apesar de a exposição comercial e financeira de Portugal à Grécia ser mínima, "persiste o risco de contágio dos mercados financeiros".

O FMI manteve as previsões de crescimento económico já avançadas, antecipando que Portugal cresça 1,6% este ano e que desacelere gradualmente o ritmo de crescimento nos anos seguintes, devendo o PIB aumentar 1,5% em 2016 e 1,4% em 2017.

As previsões do Fundo apontam para uma taxa de desemprego decrescente ao longo do horizonte da projeção, passando dos 13,4% este ano para os 12,5% em 2017, considerando que o emprego "parece agora mais em linha com o ritmo da recuperação".

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