UNICEF reclama "acção rápida e determinada" para evitar novas tragédias no Mediterrâneo
Porto Canal / Agências
Nova Iorque, 21 abr (Lusa) - O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) reclamou hoje "uma ação rápida, coletiva e determinada" para evitar novas tragédias no Mediterrâneo, apelando às autoridades para que respeitem "o superior interesse das crianças".
"Os dois incidentes trágicos em apenas dois dias no Mediterrâneo vêm reforçar a necessidade de atuação rápida, coletiva e determinada", adianta a UNICEF num comunicado emitido a propósito dos naufrágios ocorridos no Mediterrâneo que, desde domingo, causaram um número indeterminado de mortos.
Para a UNICEF, "os relatos de tragédias no Mediterrâneo -- que têm provocado centenas de mortos e desaparecidos, entre os quais muitas crianças -- estão a tornar-se, demasiado frequentes e com custos humanos inaceitáveis".
Só este ano, pelo menos 1.600 pessoas morreram a tentar chegar à Europa.
A UNICEF lembrou que, nestas viagens, as crianças "correm o risco de abusos, exploração ou mesmo de morte".
Quando sobrevivem, "são muitas vezes colocadas em ambientes que não têm condições nem segurança", podendo ser criminalizadas, o que para a organização das Nações Unidas "é uma clara violação da Convenção sobre os Direitos da Criança".
Por isso, a organização apelou para que "todas as ações sejam guiadas pelo interesse superior" destas crianças.
"Independentemente do seu estatuto de refugiadas ou migrantes, as crianças devem receber cuidados num local seguro e não num centro de detenção -- com acesso a saúde, educação e serviços sociais e legais, respeitando integralmente as salvaguardas existentes especialmente para as mais vulneráveis", referiu.
A UNICEF alertou ainda para o facto de, com a aproximação do tempo quente na Europa, ser previsível um aumento do número de migrantes, sendo por isso necessárias "medidas decisivas" para evitar mais mortes.
"Isto significa pôr em prática as salvaguardas da União Europeia para crianças não acompanhadas, reforçar a capacidade das ações de busca e salvamento, julgar criminalmente os traficantes de seres humanos, e combater as causas subjacentes às migrações nos países de origem -- conflitos, pobreza e discriminação -- para evitar mais perdas trágicas", sublinhou a UNICEF.
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