Viana do Castelo, 13 ago (Lusa) - A arena amovível onde no domingo vai ocorrer o regresso das touradas a Viana do Castelo, a primeira cidade a declarar-se "antitouradas" em Portugal, começou hoje a ser instalada, viabilizada por uma decisão judicial.

A instalação desta arena, com capacidade para 3.300 pessoas, arrancou durante a manhã de hoje, em terrenos privados da freguesia de Darque alugados pela "Prótoiro" para o efeito.

A operação mobiliza cerca de uma dezena de trabalhadores e, segundo a organização, deverá ficar concluída durante o dia de quarta-feira.

Apesar de esta instalação ter sido indeferida pela Câmara de Viana do Castelo, nomeadamente pela falta de um plano de mobilidade para o local, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga deu provimento à providência cautelar interposta na semana passada por aquela federação das associações taurinas.

O indeferimento da autarquia, que em 2009 se declarou "antitouradas", aconteceu a 01 de agosto, estando a denominada "Corrida pela Liberdade" agendada para as 17:00 do próximo domingo, dia forte da Romaria d'Agonia.

A "Prótoiro" garantiu sempre que o plano de mobilidade exigido pelo município não era necessário, mas acabou por entregar esse documento na passada sexta-feira. Sobre este documento, o município ainda não se pronunciou, pelo que, ao nível camarário, a instalação da arena continua indeferida.

Contudo, em paralelo, avançaram com uma providência cautelar para suspender o indeferimento, entretanto aceite pelo tribunal, viabilizando desta forma a instalação da arena amovível.

A Câmara de Viana do Castelo já confirmou ter sido notificada desta decisão, mas remeteu para mais tarde uma posição oficial.

"Não temos qualquer dúvida que será uma grande festa, uma celebração popular da diversidade e da liberdade. A própria Câmara já baixou a cabeça, em vergonha, porque foi mais uma vez chamada à atenção pelo tribunal", disse hoje, durante a instalação da arena, o dirigente da "Prótoiro" Diogo Monteiro.

Já em agosto de 2012, na primeira tourada organizada em Viana do Castelo em quatro anos, a autarquia tinha indeferido o pedido da "Prótoiro" para a instalação da mesma arena, neste caso em terrenos agrícolas da freguesia de Areosa, alegando violação do Plano Diretor Municipal, decisão que acabou por ser também suspensa pelo tribunal.

O presidente da Câmara de Viana do Castelo tinha já classificado a realização da tourada de 18 de agosto como uma "provocação" ao concelho. José Maria Costa alega a falta de tradição local e a defesa dos direitos dos animais para evitar o regresso das touradas.

Por proposta da maioria PS, a Câmara de Viana do Castelo aprovou em fevereiro de 2009 uma declaração afirmando-se como "antitouradas", garantindo travar o licenciamento deste tipo de espetáculos sempre que tal dependesse de autorização municipal.

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