Ricciardi considera "inaceitável" Salgado aceitar presente de cliente

| Economia
Porto Canal

O antigo administrador do BES José Maria Ricciardi considerou hoje "inaceitável" que o seu primo Ricardo Salgado, que liderou o banco durante 22 anos, tenha aceitado uma prenda de vários milhões de euros do construtor José Guilherme.

"Um presidente de um banco receber um presente de um cliente é inaceitável. Se não fosse de um cliente já era grave", afirmou esta madrugada o banqueiro, durante a sua audição na comissão de inquérito parlamentar ao caso BES, que começou cerca das 20:00 e à 01:30 ainda não tinha terminado.

"E se fosse um gerente de uma agência a receber 250 euros e a ser apanhado. Era despedido? Com que cara", questionou.

Ricciardi mencionou um valor de 8,5 milhões de euros, mas as notícias apontam para uma verba de 14 milhões de euros que foi entregue a Salgado pelo construtor José Guilherme.

"Parece-me inaceitável que isso possa acontecer. Ele nunca informou o Conselho [Superior] de que tinha recebido essa liberalidade. Só quando foi tornada pública a notícia é que foi comunicado ao Conselho", revelou.

Horas antes, o antigo presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES) Ricardo Salgado tinha dito aos deputados que o construtor José Guilherme, que ofereceu uma prenda de 14 de milhões de euros ao ex-banqueiro, não precisava do Grupo Espírito Santo (GES) "para nada".

"Sou amigo de longa data do senhor José Guilherme. E estou-me a referir ao início da minha caminhada no BES, no início dos anos 1970. O senhor José Guilherme é um excelente empresário da área da construção. Ele quando começou a crise estava orientado no sentido de se mudar com armas e bagagens para países do leste. Depois pediu-me a minha opinião. Eu disse-lhe o que pensava sobre o assunto", declarou Salgado, inquirido na comissão parlamentar sobre a gestão do BES e do GES.

José Guilherme, prosseguiu o ex-banqueiro, "arrepiou caminho" e foi aconselhado por Salgado a ir para Angola.

"Em Angola teve um grande sucesso e isso não teve que ver com o GES. O senhor José Guilherme nunca precisou do GES para nada. Era mais credor do BES do que devedor", frisou ainda.

Salgado escusou-se a falar em detalhe da prenda do "foro pessoal" do construtor, sublinhando que o caso está em Segredo de Justiça, sendo um elemento do processo "Monte Branco".

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