Vítor Bento adiou saída do Novo Banco para não pôr em causa medida de resolução

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Porto Canal

O ex-presidente do Novo Banco, Vítor Bento, disse hoje que se tivesse abandonado o cargo quando foi tomada a medida de resolução para o BES teria causado uma "dificuldade muito grande" à própria aplicação da medida.

"Naquele momento tive o dever de não exercer o meu direito de renúncia", disse Vítor Bento, que está a ser ouvido desde as 09:00 no parlamento, na comissão de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).

Vítor Bento declarou aos deputados que teve conhecimento da medida de resolução a aplicar ao BES na sexta-feira dia 01 de agosto, dois dias antes do governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, a tornar pública.

Nessa ocasião, o então presidente executivo do BES disse que a própria estabilidade financeira estaria posta em causa se a sua equipa não permanecesse e transitasse para o Novo Banco.

"O banco não abriria portas e a estabilidade financeira ficaria posta em causa", acredita o gestor, que viria a sair do Novo Banco em setembro, dando entrada posteriormente à equipa liderada por Eduardo Stock da Cunha.

Vítor Bento disse hoje também que desconhecia se haveria investidores privados interessados no BES quando foram apresentados os prejuízos do primeiro semestre e "ainda hoje" mantém o mesmo desconhecimento.

"Ainda hoje não tenho ideia se haveria possibilidade ou não de haver investidores privados. Não haveria seguramente para capitalizar o banco em um ou dois dias", reconheceu todavia Vítor Bento.

Posteriormente, confrontado pelo deputado do PCP Miguel Tiago sobre um comunicado de 30 de julho onde indicava haver investidores interessados no BES, Bento precisou e disse que não houve tempo "para saber se houve desistências desses investidores".

"Não sei se, chegada à hora da verdade, lá continuariam ou não [os investidores]", assinalou ainda.

A comissão de inquérito arrancou a 17 de novembro e tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.

Os trabalhos têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".

Será também avaliado, por exemplo, o funcionamento do sistema financeiro e o "processo e as condições de aplicação da medida de resolução do BdP" para o BES e a "eventual utilização, direta ou indireta, imediata ou a prazo, de dinheiros públicos".

A 03 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado 'bad bank' (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.

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