Vítor Bento diz que não foi consultado pelo BdP sobre medida de resolução

| Economia
Porto Canal / Agências

Lisboa, 02 dez (Lusa) - O ex-presidente do Novo Banco, Vítor Bento, revelou hoje no parlamento que não foi ouvido, logo não tomou parte, na decisão tomada pelo Banco de Portugal de aplicar uma medida de resolução ao BES.

"Não questiono a medida adotada. Acredito que o fizeram para a melhor proteção dos interesses em jogo. Mas não tomei parte nesta decisão, nem fui ouvido", afirmou o gestor perante os deputados da comissão de inquérito parlamentar ao caso BES.

Vítor Bento diz que foi informado pelo supervisor bancário acerca desta intervenção pública no Banco Espírito Santo (BES) a 01 de agosto e que ele e a sua equipa foram convidados a continuar à frente do banco de transição resultante da decisão.

"A primeira impressão com que fiquei é que a resolução era uma espécie de recapitalização pública", mas com um papel diferente do Estado, dada a intervenção direta do Banco de Portugal, sublinhou.

"Logo no dia a seguir os advogados do banco informaram-nos que não era assim", acrescentou o responsável.

Perante o novo cenário, a 02 de agosto, Vítor Bento e a sua equipa comunicaram ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, a sua indisponibilidade para continuar à frente do banco.

No dia 03 de agosto, um domingo, à noite, o supervisor anunciou a intervenção no BES, e Vítor Bento considerou que não era o momento de sair da instituição, dadas as dificuldades que a saída da administração criaria.

"Tivemos a noção clara nesse dia que, quaisquer que fossem as circunstâncias, não podíamos negar continuar à frente do banco. Reconsideramos a nossa recusa inicial, face à evolução das circunstâncias", justificou.

Porém, a partir daí, o Banco de Portugal "chamou a si a venda do banco de transição, contratando um banco estrangeiro que ficou responsável máximo pela operação", sublinhou Bento.

"Acabámos por constatar que estávamos num processo em que tínhamos a responsabilidade política", mas não executiva, vincou, acrescentando que o projeto há muito se afastara da ideia que a sua equipa tinha para o BES.

Assim, considerando que era necessária uma "nova equipa alinhada para o processo de resolução e venda rápida do banco", Bento e os seus administradores apresentaram a renúncia aos lugares, combinando com o supervisor dar uma semana para este encontrar uma solução alternativa.

O responsável lamentou que, entretanto, tenha havido fuga de informação para a comunicação social, o que impediu que a alteração decorresse de forma discreta.

Apesar de admitir que as notícias sobre a sua saída, na altura, criaram uma "crise desagradável", Bento disse que depois de "assentar a poeira dessa fase transitória", está convencido que "a mudança ocorreu no melhor momento para o banco".

E salientou que não tomou essa decisão sozinho: "Foi uma decisão tomada por três pessoas com larga e consolidada experiência profissional".

A comissão de inquérito arrancou a 17 de novembro e tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.

Os trabalhos têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".

Será também avaliado, por exemplo, o funcionamento do sistema financeiro e o "processo e as condições de aplicação da medida de resolução do BdP" para o BES e a "eventual utilização, direta ou indireta, imediata ou a prazo, de dinheiros públicos".

A 03 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.

DN/PPF // MSF

Lusa/fim

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