"Estamos em perigo de vida", juiz timorense alerta para falta de segurança após expulsão de portugueses

"Estamos em perigo de vida", juiz timorense alerta para falta de segurança após expulsão de portugueses
| Política
Porto Canal

Um magistrado timorense alertou hoje colegas portugueses, recentemente expulsos de Timor-Leste, que os juízes daquele território estão "em perigo de vida" e temem pela sua segurança, revelou à agência Lusa a procuradora portuguesa Glória Alves.

Gloria Alves confirmou à Lusa ter recebido um email de um juiz timorense "neste termos", adiantando que já tentou falar para Timor-Leste parea "saber o que se está a passar".

A magistrada portuguesa referiu que obteve a informação de Timor-Leste que o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, se o havia reunido com os "veteranos" ou "ex-combatentes", o que a deixou preocupada.

No email enviado pelo juiz timorense, o magistrado local diz ser necessário "denunciar o plano traiçoeiro contra juízes timorenses" após a expulsão dos cooperantes portugueses, adiantando que "todos os juízes timorenses já estão a par da situação".

"Estamos em perigo de vida", diz o juiz timorense na mensagem, pedindo aos colegas portugueses que apelam à Comunidade Internacional pela "segurança" e pelas vidas dos juízes timorenses.

"De momento, não há sinais que irão respeitar as nossas vidas. As campanhas anti-jiuzes e anti tribunais quer nacionais quer internacionais junto dos timorenses continuam sem tréguas", diz a missiva vinda de Timor-Leste.

Entretanto, Glória Alves reuniu-se na segunda-feira com a Procuradora-geral da República, pondo-a ao "corrente da situação", tendo recebido a "solidariedade" de Joana Marques Vidal.

O Governo de Timor-Leste ordenou a semana passada a expulsão, no prazo de 48 horas, de oito funcionários judiciais, cinco juízes e uma procuradora portugueses, um procurador cabo-verdiano, e um antigo oficial da PSP, depois de, a 24 de outubro, o parlamento local ter aprovado uma resolução a suspender os contratos com funcionários judiciais internacionais "invocando motivos de força maior e a necessidade de proteger de forma intransigente o interesse nacional".

Os motivos de "força maior" e de "interesse nacional" invocados pelas autoridades timorenses nas resoluções, segundo Xanana Gusmão, referem-se a 51 processos no tribunal no valor de 378 milhões de dólares de impostos e deduções ilícitas que as petrolíferas devem ao país, que o Estado timorense perdeu.

Na altura, em declarações à Lusa em Díli, Glória Alves salientou que "nenhuns destes juízes que foram expulsos tiveram qualquer interferência nos processos do petróleo" e que o procurador cabo-verdiano que foi também expulso teve uma interferência nos processos do petróleo apenas como parte acessória.

A procuradora concluiu que a expulsão daqueles magistrados "não terá nada a ver com os processos do petróleo", mas com uma "tentativa do Governo timorense de impedir o normal funcionamento dos tribunais".

Para Glória Alves, é preciso também analisar outro dado, que são os muitos processos que existem em tribunal contra elementos do Governo e altos funcionários. Mencionou a propósito que o julgamento da ministra das Finanças de Timor-Leste, Emília Pires, por alegada participação económica em negócio foi adiado "sine die" a 27 de outubro último, porque o parlamento timorense ainda não levantou a imunidade à ministra.

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