Quem são os cabeças de lista às eleições legislativas no Porto?

Quem são os cabeças de lista às eleições legislativas no Porto?
| Política
Alexandre Matos

Este domingo, o distrito do Porto vai eleger 40 deputados para a próxima Assembleia da República. Apesar de estar inscrito na Constituição que “os Deputados representam todo o país e não os círculos por que são eleitos”, a verdade é que vão ser os eleitores desta região a determinar cerca de 17,4% dos representantes no Parlamento.

Em 2022, entre os oito partidos com assento parlamentar, apenas dois não conseguiram eleger pelo Porto. PAN e LIVRE – ambos com deputado único na última legislatura - contam com o segundo maior círculo eleitoral do país para os ajudar na formação de um grupo parlamentar.

A encabeçar as listas que esperam eleger deputados há uma cara nova na política, nomes repetidos de sufrágios anteriores, personalidades com muita história na cidade e distrito do Porto, mas também algumas surpresas.

 
 
 
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Três partidos voltaram a escolher os mesmos nomes de 2022 para liderar a lista de candidatos, três das listas trazem nomes que nunca se sentaram na Assembleia da República, com dois dos candidatos a serem “promovidos” dentro da lista ao círculo do Porto.

Em 2022, 21.499 foi o número mínimo de votos necessário para eleger pelo menos um deputado. Para alguns destes cabeças de lista a ambição é muito maior, mas para outros não andará muito longe de ser o valor mágico que os poderá levar até à Assembleia da República.

Quem são, então, os os oito homens e mulheres com representação parlamentar na última legislatura que querem liderar as respetivas listas ao melhor resultado político este domingo no Porto?

Alfredo Maia – Coligação Democrática Unitária

Porto Canal
Natural da Maia, Alfredo Maia é jornalista de profissão. Começou a carreira n’O Primeiro de Janeiro, passando a trabalhar no Jornal de Notícias a partir de 1988. Em ambos esteve ligado aos respetivos conselhos de redação.

Delegado sindical do JN junto do Sindicato dos Jornalistas nos anos 80, foi eleito vice-presidente do sindicato em 1993, e mais tarde presidente, cargo que ocupou entre 2000 e 2015.
A vida política foi sempre feita nas listas da CDU. Foi eleito deputado municipal na Maia em 2017 e candidato à presidência da câmara da terra natal em 2021.

Em 2022 fez parte da lista da Coligação Democrática Unitária às legislativas no Porto, no 13.º lugar. Foi, inicialmente, deputado em regime de substituição, no lugar de Diana Santos. Regressou depois à Assembleia da República em definitivo quando Manuel Loff deixou a posição de deputado.

Nas últimas legislativas, a CDU elegeu apenas um deputado pelo Porto e seis no total.

Anabela Castro – Pessoas-Animais-Natureza

Porto Canal


No Porto, o PAN espera voltar a eleger, pelo menos, um deputado à Assembleia da República. Depois de uma queda em 2022, que viu o partido reduzido à deputada única Inês Sousa-Real, eleita por Lisboa, uma das apostas nestas legislativas de 10 de março é Anabela Castro.

Licenciada em Psicologia na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, é atualmente a coordenadora técnica de políticas públicas para a juventude na Área Metropolitana do Porto.

Anabela Castro tinha sido a segunda na lista do PAN no distrito em 2022, atrás de Bebiana Cunha, a ex-deputada que é agora a mandatária da candidatura no Porto.

A nível autárquico, Anabela Castro foi cabeça de lista do partido à Junta de Freguesia da Maia, tendo sido eleita para a assembleia de freguesia.

Carlos Guimarães Pinto – Iniciativa Liberal

Porto Canal

No Porto, a Iniciativa Liberal seguiu a lógica de “equipa que ganha, não mexe”. Pelas terceiras legislativas consecutivas, apresenta Carlos Guimarães Pinto como cabeça de lista no segundo maior círculo eleitoral do país.

É natural de Espinho, onde viveu até ao final do ensino secundário. Licenciou-se em Economia na Faculdade de Economia da Universidade do Porto. A vida profissional levou-o até ao Dubai, onde viveu durante sete anos, regressando a Portugal para iniciar um doutoramento na FEP, que concluiu em 2021.

Guimarães Pinto chegou à política já pela mão da Iniciativa Liberal. Tornou-se presidente do partido em 2018, e foi o cabeça de lista do Porto do partido nas eleições legislativas em 2019. Na altura, a IL conseguiu eleger o primeiro deputado à Assembleia da República, mas por Lisboa.

Carlos Guimarães Pinto anunciou então a sua demissão da liderança dos liberais, permitindo assim que fosse o deputado eleito, João Cotrim de Figueiredo, a assumir as rédeas do partido. O economista continuou no entanto ligado à IL e voltaria a liderar a lista do partido no círculo eleitoral do Porto em 2022. Com o crescimento registado pela IL nessas legislativas, aumentando a representação no Parlamento de um para oito deputados, Guimarães Pinto foi eleito, ficando em terceiro lugar no distrito do Porto, um dos melhores resultados dos liberais em todo o país.

Francisco Assis – Partido Socialista

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O cabeça de lista pelo Partido Socialista, Francisco Assis, não só é quem tem maior currículo político como também é um dos que mais ligações ao Porto tem.

Nasceu em Amarante, em 1965, e licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi presidente da Câmara Municipal de Amarante e seria eleito pela primeira vez à Assembleia da República em 1995 nas listas do PS ao círculo eleitoral do Porto.

Voltou a ser eleito para o Parlamento pelo Porto nas duas legislaturas seguintes, mantendo-se como deputado até partir para Bruxelas para ser eurodeputado em 2004. Ainda voltou à Assembleia da República, sendo eleito primeiro por Guarda em 2009 e depois em 2011 pela primeira vez como cabeça de lista pelo distrito do Porto.

Mas nem só de política nacional se fez a carreira de Francisco Assis. Foi eleito presidente da distrital do PS do Porto em 2003 e foi candidato à Câmara Municipal do Porto em 2005, perdendo a corrida para Rui Rio.

Foi ainda eleito deputado municipal em 2013, quando encabeçou a lista à Assembleia Municipal da candidatura dos socialistas no Porto.

Afastou-se em 2017 da política partidária, altura em que se assumiu como um dos maiores críticos à liderança de António Costa, principalmente do acordo parlamentar que o primeiro-ministro fez em 2015 com o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português.

Sendo conotado com a ala mais à direita do PS, foi a aposta de Pedro Nuno Santos para tentar segurar o distrito que em 2022 deu uma vitória expressiva aos socialistas.

Jorge Pinto - LIVRE

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De Bruxelas para o Parlamento. É a viagem que, à terceira tentativa, Jorge Pinto espera fazer depois do dia 10 de março.

Natural de Amarante, é na capital belga que o cabeça de lista do LIVRE pelo Porto reside desde 2012. Engenheiro do ambiente, tem também um doutoramento em filosofia social e política.

Chegou a ser militante no PS, mas saiu durante a liderança de José Sócrates. Está no LIVRE desde a sua fundação, em 2014. Desde então, foi candidato em todas as eleições legislativas nas listas do partido.

Em 2015, foi cabeça de lista no círculo da Europa. Em 2019 e 2022, já foi ao círculo eleitoral do Porto que Jorge Pinto se candidatou. Nunca conseguiu ser eleito, ainda que os votos somados tenham aumentado de sufrágio para sufrágio.

Nas últimas legislativas, o LIVRE ficou a pouco mais de dez mil votos de conseguir garantir um representante pelo círculo do Porto.

Marisa Matias – Bloco de Esquerda

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É um dos nomes mais mediáticos no Bloco de Esquerda, tendo sido candidata nas eleições presidenciais em 2016 e 2021. Mas Marisa Matias tem uma característica única em todos os oito cabeças de lista no círculo do Porto: não tem qualquer ligação à cidade ou ao distrito.

Natural de Coimbra, licenciou-se e doutorou-se na Universidade de Coimbra, onde exerceu funções de investigadora entre 2000 e 2009. Foi depois eurodeputada, cargo que mantém até aos dias de hoje.

No programa Frente a Frente do Porto Canal, a própria admitiu que a escolha do seu nome partiu de “um critério político, de tentativa de aumento de representação”.

A cabeça de lista pelo BE no Porto em 2022 tinha sido Catarina Martins, na altura coordenadora do partido, que deixou a liderança e não é candidata agora em 2024.

Depois de uma perda de metade dos votos e deputados conquistados em 2019, a liderança do partido, agora assumida por Mariana Mortágua, apostou num nome mais conhecido do público em detrimento de alguém com ligações mais profundas à cidade e ao distrito do Porto.

Miguel Guimarães – Aliança Democrática

Porto Canal

Não tendo qualquer experiência com cargos políticos, Miguel Guimarães dificilmente poderá ser tido como um desconhecido tanto no Porto como a nível nacional. Foi na cidade Invicta que o médico de profissão fez praticamente toda a sua vida.

Natural do Porto, licenciou-se em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. É médico especialista em Urologia no Centro Hospitalar São João.

Ainda que nunca tenha estado publicamente associado a qualquer partido, Miguel Guimarães não é estranho ao discurso político nacional, em grande parte fruto da sua participação ativa na Ordem dos Médicos.

Foi Presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos entre 2011 e 2017. Nesse mesmo ano tornou-se Bastonário da Ordem dos Médicos, cargo que ocupou até 2023.

A atenção mediática do cargo fez com que se tornasse uma cara conhecida do país inteiro.

Foi inicialmente anunciado como o representante dos independentes da Aliança Democrática na cerimónia de assinatura do acordo entre PSD, CDS e PPM, que teve lugar na Alfândega do Porto. Mais tarde seria anunciado por Luís Montenegro como o cabeça de lista da AD ao círculo do Porto, mas como independente.

Rui Afonso – Chega

Porto Canal

O Chega foi um dos partidos que também não mudou o cabeça de lista no distrito do Porto para estas eleições legislativas.

Rui Afonso, de 44 anos, é o líder da distrital do Porto do partido desde 2021. O bancário, que tirou a licenciatura na Universidade da Maia e o doutoramento na Universidade de Coruña, tem sido, desde então, o homem-forte de André Ventura para a região.

Já tinha encabeçado a lista do Chega no Porto nas legislativas de 2022. O partido conseguiu, à época, eleger dois deputados no círculo eleitoral, com Diogo Pacheco Amorim a acompanhar Rui Afonso rumo ao Parlamento.

Apesar da eleição, foi no Porto que o Chega registou o seu pior resultado em termos percentuais, algo que se tem repetido em praticamente todas as eleições.

Antes, já tinha sido eleito deputado municipal do Porto nas autárquicas de 2021, sendo o único representante do Chega no órgão.

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