Carlos Costa afirma que o sistema financeiro português esteve "em cima do fio da navalha" com o caso BES

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Porto Canal

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, afirmou hoje no parlamento que o sistema financeiro nacional esteve "em cima do fio da navalha" no fim de semana em que se decidiu qual a solução a aplicar ao BES.

"No fim de semana passado, estivemos na iminência de uma crise sistémica, estivemos em cima do fio da navalha e saímos bem", disse o governador do banco central na comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública onde está hoje a ser ouvido a propósito do Banco Espírito Santo (BES).

Na noite de domingo, o Banco de Portugal tomou controlo do BES e anunciou a separação da instituição num banco mau ('bad bank'), que concentra os ativos e passivos tóxicos, e num 'banco bom', o chamado Novo Banco, que reúne os ativos e passivos não problemáticos, como será o caso dos depósitos, e que receberá uma capitalização de 4,9 mil milhões de euros do Fundo de Resolução bancário.

Na audição de hoje, Carlos Costa reconheceu ainda que "para o bem e para o mal", a responsabilidade da decisão tomada para resolver a situação do BES "é do Banco de Portugal".

Reiterando que a solução encontrada foi "a melhor" tanto para os contribuintes como para os depositantes, o governador disse ainda que hoje o sistema financeiro tem uma perceção mais positiva da importância do Fundo de Resolução.

"Pelos contactos que tive no sistema financeiro, partimos de uma situação de surpresa e hoje o sistema já entende que talvez valha a pena assumir uma maior participação no Fundo de Resolução", disse Carlos Costa, defendendo a utilização do fundo "como um mecanismo de solução".

Este fundo foi criado em 2012 para intervir financeiramente em bancos em dificuldades, aplicando as medidas determinadas pelo Banco de Portugal. O Fundo de Resolução é financiado pelas contribuições regulares dos mais de 80 bancos com atividade em Portugal e por contribuições extraordinárias em caso de crise num banco em particular.

No entanto, como este fundo é recente, ainda não está suficientemente dotado, pelo que, dos 4,9 mil milhões de euros com que o fundo vai capitalizar o Novo Banco, a parcela mais significativa virá do dinheiro da 'troika' para o setor financeiro, através de um empréstimo com um juro que começa em 2,95%.

A ministra das Finanças confirmou hoje que foi aceite a proposta da banca e que o dinheiro da 'troika' que vai entrar no Fundo de Resolução para capitalizar o Novo Banco, que inicialmente era de 4,4 mil milhões de euros, será reduzido para 3,9 mil milhões de euros.

Numa intervenção hoje na Assembleia da República, onde foi chamada para explicar a solução encontrada para o BES, Maria Luís Albuquerque disse que o empréstimo do Estado "neste momento se limitou a 3.900 milhões de euros", uma vez que "os bancos se responsabilizaram por um montante superior" àquele que estava previsto.

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