O Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante - SFRCI vai para tribunal com a administração da CP – Comboios de Portugal, depois da empresa ter recusado a proposta de aumento salarial do SFRCI por que o custo teria um impacto financeiro muito significativo.

Numa mensagem enviada aos colegas de direção pelo presidente do Sindicato dos Revisores, a que o Porto Canal teve acesso, Luís Bravo pede autorização “para contratar o advogado Garcia Pereira (advogado de renome na área laboral) para se avançar com a contestação judicial das violações dos direitos dos trabalhadores”.

Na mesma mensagem, enviada pelo WhatsApp, Luís Bravo justifica a decisão “perante a atitude por parte da empresa em violar continuamente as normas laborais”.

O Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante critica a administração da CP por solicitar serviços mínimos em termos percentuais, pelo suplemento de 10 euros oferecido aos trabalhadores por cada hora trabalhada durante o período das Jornadas Mundiais da Juventude e acusa ainda a estrutura liderada por Pedro Moreira de “fazer uma simulação de negociação de aumento intercalar” para depois recusar a proposta de aumento salarial.

A CP adiantou em comunicado, esta sexta-feira, que o SFRCI pedia um aumento salarial de 1% e um abono, o que no entender da transportadora teria custos insuportáveis e colocaria em causa a estabilidade financeira.

Um revisor ouvido pelo Porto Canal lembra que os associados do SFRCI estão a ser prejudicados economicamente pela "intransigência" do presidente do Sindicato dos Revisores, Luís Bravo, em não assinar o Acordo de Empresa para os aumentos intercalares. "São mais de 100 euros por mês que estamos a perder", adianta o revisor que pede anonimato por ter medo de sofrer consequências.

CP avança com aumentos durante Jornal Mundial da Juventude

Com a mais que provável ausência de acordo com o Sindicato dos Revisores para parar a greve parcial em vigor até 6 de agosto, a empresa pública ferroviária decidiu por um acréscimo salarial extraordinário.

Em comunicado enviado aos trabalhadores, a CP adianta que "tendo em conta o aumento significativo no número de passageiros, decidiu conceder um acréscimo salarial extraordinário aos trabalhadores que estão diretamente envolvidos na operação e que terão uma maior carga de trabalho durante este período, no valor ilíquido de 10 euros por hora trabalhada".

Para isso, os trabalhadores têm que se inscrever na prestação de trabalho suplementar, uma vez que existe “necessidade de assegurar uma oferta de transporte além da habitual, principalmente para a mobilidade dos peregrinos alojados em diferentes partes do país, e especialmente nas deslocações na Área Metropolitana de Lisboa”.

“Para a atribuição do acréscimo retributivo da prestação efetiva de trabalho, durante o período compreendido entre 31 de julho e 7 de agosto de 2023, é necessário que o trabalhador aceite prestar serviço em todos os períodos normais de trabalho diurno completos escalados ou atribuídos e a todo o trabalho suplementar que, atentos os limites legais, venha a ser atribuído”, acrescenta a empresa pública.