CP a "ferro e fogo" com mal-estar entre trabalhadores. Estruturas sindicais acusam Sindicato dos Revisores de prejudicar a empresa

CP a "ferro e fogo" com mal-estar entre trabalhadores. Estruturas sindicais acusam Sindicato dos Revisores de prejudicar a empresa
Porto Canal|Pedro Benjamim
| País
João Pereira

Nas últimas semanas, são várias as críticas ao Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) da parte de outras estruturas sindicais afetas à CP - Comboios de Portugal. O SFRCI é o único sindicato que não aceitou o acordo proposto pela empresa pública de transportes no final de maio. De lá para cá, o Sindicato dos Revisores convocou uma greve parcial entre 5 de junho e 5 de julho que, entretanto, foi estendida até 6 de agosto, em plena Jornada Mundial da Juventude. A CP fala em “desconforto e discórdia entre os trabalhadores” e admite colocar funcionários de outras áreas no serviço comercial dos comboios.

Nas últimas semanas, são várias as críticas ao Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) da parte de outras estruturas sindicais afetas à CP - Comboios de Portugal. O SFRCI é o único sindicato que não aceitou o acordo proposto pela empresa pública de transportes no final de maio. De lá para cá, o Sindicato dos Revisores convocou uma greve parcial entre 5 de junho e 5 de julho que, entretanto, foi estendida até 6 de agosto, em plena Jornada Mundial da Juventude. A CP fala em “desconforto e discórdia entre os trabalhadores” e admite colocar funcionários de outras áreas no serviço comercial dos comboios.

Fontes ligadas a várias estruturas sindicais afetas à CP ouvidas pelo Porto Canal relatam um clima de pressão sobre os revisores para fazerem greve da parte dos dirigentes do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante. “Há um mal-estar geral entre revisores, alguns até já metem a baixa médica até 3 dias por terem vergonha de fazer greve”, conta um líder de um sindicato da CP. O Porto Canal apurou que, neste momento, o número de baixas médicas de 3 dias aumentou exponencialmente na CP em relação a anos anteriores.

Segundo a mesma fonte, o motivo que leva o SFRCI a manter a paralisação é o regime de "agente único" em marchas de comboios vazios que já estava em execução em grande parte do país pela CP e que agora foi alargado à zona Norte. “Estão a agarrar-se a algo que não faz sentido porque o agente único já era realizado há muito tempo noutras partes do país”, revela ao Porto Canal um dirigente de uma estrutura sindical afeta à CP.

“Na zona Norte, conheço casos de revisores que não querem fazer greve e quase que são obrigados por eles [dirigentes do Sindicato dos Revisores]”, denuncia a mesma fonte sobre a alegada pressão e ameaças praticadas pelo SFRCI.

Outro líder de uma organização sindical diz que o presidente do Sindicato dos Revisores só tem um objetivo: “provocar o caos para privatizar a CP” e acrescenta que a greve “está baseada em mentiras”, pois “estamos perante o maior aumento salarial da história da CP num ano”.

O clima de tensão entre trabalhadores fica bem explícito quando estes dirigentes pedem anonimato por temerem contribuir “para uma guerra de sindicatos” na CP, mas não é o indicador único da situação complicada que a empresa pública ferroviária vive neste momento.

Contactado pelo Porto Canal, o presidente do Sindicato dos Revisores, Luís Bravo, recusou-se a prestar declarações e desligou o telemóvel sem ouvir os esclarecimentos que estavam a ser pedidos.

Quanto à CP, em resposta enviada ao Porto Canal, admite o clima tenso dentro da empresa: “existe um desconforto e discórdia entre os trabalhadores da CP, consequência das sucessivas greves convocadas pelo SFRCI”.

A empresa ferroviária acusa ainda o Sindicato dos Revisores de apresentar informações falsas, o que coloca “em dúvida o profissionalismo, ética e responsabilidade dos demais trabalhadores, isso gera um sentimento de incómodo”.

A CP – Comboios de Portugal reconhece que existe, neste momento, “dúvidas junto dos trabalhadores sobre a viabilidade económica da empresa” devido às paralisações consecutivas convocadas pelos revisores, o que leva muitos funcionários a terem medo de perder o emprego. “Há quem aproveite estas greves, aliás, para sublinhar a necessidade de privatização da CP”, adianta a empresa ao Porto Canal.

A juntar a tudo isto, a transportadora culpa também o Sindicato dos Revisores pelos transtornos causados aos utentes: “os trabalhadores que estão conscientes da importância do serviço público que prestamos sentem-se frustrados por não poderem garantir a regularidade desse serviço tão essencial para os portugueses”.

CP admite colocar trabalhadores de outras áreas a realizar serviço de revisores

Sobre a garantia de normalidade nos serviços até ao dia 6 de agosto, a empresa reconhece que “não tem como garantir a normalidade de todos os serviços”, mas não coloca de lado a hipótese de colocar funcionários dedicados a outras áreas da empresa no acompanhamento de comboios durante a Jornada Mundial da Juventude.

“A CP não deixará de recorrer as todos os meios legais para transportar pessoas em segurança”. A empresa pública explica que está “comprometida em usar todos os meios legais ao seu dispor para minimizar os impactos destas greves, de forma a garantir a prestação do serviço público de transportes”, assegura a transportadora ferroviária.

Maquinistas também criticam revisores

O Sindicato Nacional dos Maquinistas negou, na última sexta-feira, que exista falta de segurança dos passageiros e também criticou a postura do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante.

Em causa estão as declarações do presidente do SFRCI, Luís Bravo, a acusar a Comboios de Portugal de "violação das regras de segurança da circulação” por colocar em prática o regime de "agente único" em marchas de comboios vazios, uma prática que, segundo a CP, acontece há mais de 20 anos sem que tenha sido registado qualquer incidente.

“(…) Causa-nos alguma estranheza a alegação sobre falta de segurança emitidas por algumas entidades, particularmente quando relacionadas com práticas operacionais consolidadas com mais de 20 anos de exercício diário e continuado”, diz o Sindicato dos Maquinistas sobre as acusações feitas pelo Sindicato dos Revisores.

A direção do SMAQ questiona ainda a autoridade do SFRCI de quem não conhece “uma única posição, pensamento, ou matéria publicada consistente sobre este assunto”.

Já no início de junho, a CP tinha dito que as acusações de Luís Bravo, presidente do Sindicato dos Revisores, eram “falsas, infundadas e difamatórias”.

“É importante clarificar que as operações de “agente único” mencionadas se referem a marchas de comboios vazios, comboios que circulam sem passageiros a caminho dos parques ou das oficinas. Reiteramos, são comboios sem passageiros a bordo”, explicava na altura a CP ao mesmo tempo que acusava o SFRCI de promover desinformação e de tentar manipular a opinião pública.

No comunicado agora conhecido, o Sindicato dos Maquinistas lembra ainda que a segurança da circulação ferroviária é uma preocupação da organização desde sempre e estranha que o Sindicato dos Revisores tenha “subitamente despertado para o assunto”.

O mal-estar entre estruturas sindicais da CP fica ainda mais visível quando a direção do SMAQ critica o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante de querer “dar lições de cátedra a quem desde sempre se preocupa, empenha e nunca descurou as questões de segurança”.

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