Porto, 22 jul (Lusa) -- O PCP e o BE juntaram-se hoje ao protesto dos trabalhadores da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) contra a concessão dos transportes públicos a privados, criticando "mais um negócio" do Governo sem vantagens para a população.

O deputado do PCP na Assembleia da República Jorge Machado afirmou ser "escandaloso" o Estado ter feito investimentos avultados na STCP e na Metro do Porto "para os entregar agora de mão beijada a grupos económicos".

"Consideramos que é um erro de interesse público entregar aquilo que foi construído com o dinheiro de todos nós a meia dúzia de grupos privados. Vão sair prejudicados quer os trabalhadores quer a população", sublinhou o comunista, que esteve esta manhã ao lado dos trabalhadores da STCP junto à estação do metro da Trindade, no Porto.

Também no local, o coordenador do BE, João Semedo, afirmou que a abertura à iniciativa dos serviços públicos de transporte de passageiros prestados pela STCP e pela Metro do Porto, através da subconcessão dos serviços, "é mais um negócio feito pelo Governo de Pedro Passos Coelho".

"Neste caso concreto", disse, "com o silêncio e cumplicidade da Câmara Municipal do Porto, e o negócio só é vantajoso para os privados que vão ficar com a concessão" das duas transportadoras, porque a população não tem "nenhuma" vantagem.

Jorge Machado disse mesmo que "não há melhor gestão se se introduzir esta ganância do lucro relativamente a esta matéria".

"Consideramos que este processo é um crime para o distrito, para o interesse público, e que merece a nossa forte contestação", vincou o comunista.

Para Jorge Machado, numa série de empresas privatizadas "há uma degradação da qualidade dos serviços prestados por via da imposição do lucro".

João Semedo disse o mesmo: "Experiências que existem têm-se traduzido numa perda de qualidade e aumento do seu preço".

Os dirigentes defenderam ser possível travar o processo, através da mobilização de todos.

"Consideramos que é um escândalo que merece ser travado. E a luta das populações e das comissões de trabalhadores pode travar este processo", disse Jorge Machado.

Para o bloquista João Semedo, "uma decisão do Governo de promover este negócio tem que ter uma oposição e uma reação mais combativa, mais empenhada para que seja possível travar esta decisão".

"Há várias decisões que têm sido travadas. Não há nenhuma razão para não acreditar que também esta pode ser travada. É esse o apelo do BE a todos os autarcas, trabalhadores e população, para que em conjunto se faça força para que o Governo recue nesta decisão de privatizar os transportes públicos do Porto", disse o coordenador do BE.

O Governo determinou o início do processo de abertura à iniciativa privada dos serviços públicos de transporte de passageiros prestados pela STCP e pela Metro do Porto, através da subconcessão dos serviços, de acordo com uma resolução do Conselho de Ministros aprovada na quinta-feira e publicada hoje em Diário da República.

De acordo com o documento, cabe agora aos conselhos de administração das duas empresas "preparar e aprovar as relevantes peças concursais do procedimento, bem como da condução do mesmo".

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