Torre “fantasma” em Campanhã pronta por fora, mas vazia por dentro

Torre “fantasma” em Campanhã pronta por fora, mas vazia por dentro
| Porto
Porto Canal

O “gigante” edifício construído nas imediações do Estádio do Dragão, em Campanhã, está “praticamente pronto” no exterior, mas ainda não há uma decisão final quanto aos serviços que irá albergar no interior. Inicialmente previsto como hospital privado, o imóvel está no centro de uma disputa judicial. Contactado pelo Porto Canal, Domingos Névoa, proprietário do imóvel, não reagiu.

O prédio destinava-se inicialmente à instalação do primeiro hospital do grupo Trofa Saúde na cidade do Porto. No entanto, acabou por ser vendido em 2019 e o novo dono, o empresário bracarense Domingos Névoa, mostrou a intenção de instalar no local uma unidade hoteleira.

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Alexandra Barbosa Borges vendeu o prédio em 2019, mas continua como empreiteiro

O Porto Canal sabe que o projeto inicial terá “caído” devido a alegados desentendimentos entre a promotora do projeto, a empresa Alexandre Barbosa Borges, e o grupo Trofa Saúde.

Finalidade do projeto ainda é incógnita

O edifício chama à atenção de quem entra e sai do Porto pela VCI. Sobranceiro a uma das vias mais movimentadas da cidade e bem perto do Estádio do Dragão, o prédio continua a não passar despercebido, até a quem o viu crescer desde o primeiro dia. Maria, com casa a poucos passos, conta ao Porto Canal que, por ali, está tudo na mesma: “parece estar pronto, mas já não se vê por aí gente há muito tempo”.

População, junta de freguesia e até mesmo a Câmara Municipal do Porto dizem não saber em que ponto está o projeto. Mas, ao Porto Canal, fonte próxima da empreitada garante que “na parte exterior não há mais trabalho a fazer”.

A mesma fonte lamenta o atraso na tomada de decisões, mas diz que, como os funcionários ainda tinham trabalho, foram continuando a obra na parte exterior. Agora o caso muda de figura. Com as fachadas e os acessos prontos, esperam-se indicações do cliente para que a obra possa avançar para dentro de portas.

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Nas imediações do prédio faltam apenas ultimar pormenores decorativos

Mas, ao que o Porto Canal conseguiu apurar, nem a própria Alexandre Barbosa Borges que, apesar de ter vendido o edifício à Predi5 (empresa do grupo do empresário Domingos Névoa), continua responsável pela obra, sabe qual será o destino final do edifício.

Câmara reitera que prédio não pode ser hotel

No ano passado, Domingos Névoa, atual dono do prédio, adiantava que o seu objetivo era construir no local uma unidade hoteleira. O problema é que a Câmara do Porto reitera que naqueles terrenos, localizados na freguesia de Campanhã, o Plano Diretor Municipal não permite a instalação deste tipo de serviços.

Desde essa altura, até agora, “não houve qualquer alteração”, garante ao Porto Canal o vereador com o pelouro do urbanismo na autarquia do Porto. Segundo Pedro Baganha, o edifício está em duas qualificações de solo distintas no PDM, ou seja, “apenas na zona mais baixa, que é de implementação livre”, pode ser construído algo que não seja considerado um equipamento. Na torre apenas poderão ser instalados serviços como hospitais, clínicas ou escolas, por exemplo.

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Edifício localizado perto do Estádio do Dragão tem três pisos subterrâneos e 10 acima do solo

A autarquia garante ainda que não teve informações recentes sobre o projeto e que “a licença de construção que ainda continua válida é para construir um hospital”.

Em 2021, a Predi5 solicitou, na fase de discussão pública do PDM, que fosse efetuada uma revisão da qualificação do solo, mas o pedido não foi aceite.

De acordo com o alvará de licenciamento, consultado pelo Porto Canal, o edifício tem uma área bruta total de 17.478 metros quadrados. Desses, apenas 4500 não tem classe de equipamento. Os restantes 13 mil (ocupados pela torre), possuem essa classificação, ou seja, não poderão ser transformados num hotel.

Uma obra que se arrasta há anos

Apesar de ser um dos maiores da zona, a altura não é a única característica que salta à vista neste prédio. Os vários processos judiciais em que o edifício tem estado envolvido nos últimos anos marcam inevitavelmente o projeto, que se tem arrastado no tempo.

Segundo a certidão permanente do prédio urbano, a que Porto Canal teve acesso, em março de 2019, o Grupo Trofa Saúde interpôs um procedimento cautelar de arresto contra a promotora imobiliária (a empresa Alexandre Barbosa Borges II – Imobiliária, S.A) e o novo dono do prédio, a Predi5.

Em maio do mesmo ano, o grupo hospitalar entrou com outra ação no Tribunal Judicial da Comarca de Braga. Desta vez uma Ação Pauliana do contrato de compra e venda, celebrado em janeiro de 2019 entre a ABB e a Predi5. O objetivo da Trofa Saúde era obter o “direito à restituição dos bens” objeto do contrato promessa de arrendamento, celebrado em maio de 2014 com a Alexandre Barbosa Borges.

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Para quem entra e sai do Porto pela VCI, o edifício não passa despercebido

Em setembro de 2019, a administração do Grupo Trofa Saúde garantia, em comunicado enviado às redações, que não iria desistir de construir o seu primeiro hospital no Porto, considerando-o “um projeto estratégico” para o grupo e de “fundamental importância” para a freguesia de Campanhã. Contactada agora pelo Porto Canal, a empresa não prestou esclarecimentos adicionais sobre o projeto.

O Porto Canal contactou ainda a Alexandre Barbosa Borges e o empresário Domingos Névoa, proprietário da Predi5, mas não obteve qualquer resposta até ao momento.

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