TC português tem sido "bastante extremo" e dificultado a vida ao Governo - Klaus Regling

| Política
Porto Canal / Agências

Luxemburgo, 19 jun (Lusa) - O diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) afirmou hoje que que o Tribunal Constitucional (TC) "não tem facilitado a vida ao Governo português" e tem tido um posicionamento "bastante extremo" quando comparado com outros tribunais europeus.

O diretor do MEE, Klaus Regling, falava durante uma conferência de imprensa conjunta com o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, no Luxemburgo, após o encontro anual do conselho de governadores do MEE, composto por todos os ministros das Finanças dos países da moeda única e que antecede a reunião de hoje à tarde do Eurogrupo.

Questionado sobre a opção do Governo português em abdicar da última 'tranche' do empréstimo da 'troika' (que incluía verbas do Fundo Monetário Internacional e do Fundo Europeu de Estabilização Financeira) e sobre a manutenção das taxas de juro nos mercados nas últimas semanas, o alemão considerou ser uma decisão compreensível dadas as circunstâncias, "dada a situação difícil" após o mais recente 'chumbo' do TC e a "situação positiva nos mercados".

Regling notou que "Portugal não tem tido problemas em financiar-se a taxas bastante razoáveis" e com taxas de 3,5% nos empréstimos a dez anos está a pagar "mais barato que o dinheiro dos empréstimos do FMI", considerando que a decisão de esperar pelas próximas decisões do TC para apresentar um novo conjunto de medidas é "satisfatória".

O responsável pelo fundo de resgate da zona euro referiu-se ainda ao TC, afirmando que este "não tem facilitado a vida do Governo português" ao chumbar, já por seis vezes, medidas do executivo e, apesar de dizer não estar "a criticar" aquele órgão, apontou-o como "bastante extremo" quando comparado com o de outros países.

Klaus Regling rejeitou ainda que exista uma "confiança cega" dos mercados em Portugal e que a ausência de uma reação negativa após a decisão do TC deve-se a uma certeza de que o executivo irá "apresentar novamente medidas de compensação".

Já o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, sublinhou que o Governo já disse estar "empenhado em tomar medidas" que compensem o 'chumbo' do TC e disse esperar "saber mais pormenores" pela ministra das Finanças portuguesa durante a reunião de hoje do Eurogrupo.

As três medidas declaradas inconstitucionais pelo TC no fim de maio, cortes salariais acima dos 675 euros, alteração ao cálculo das pensões de sobrevivência e aplicação de taxas de 5% sobre o subsídio de doença e de 6% sobre o subsídio de desemprego, valem cerca de 1.820 milhões de euros, enquanto as medidas do Orçamento Retificativo de 2014 que os juízes do Palácio Ratton ainda estão a avaliar, como o aumento dos descontos para a ADSE e o alargamento da Contribuição Extraordinária de Solidariedade sobre as pensões, valem 328 milhões de euros.

ATF// ATR

Lusa/FIm

+ notícias: Política

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.

Governo e PS reúnem-se em breve sobre medidas de crescimento económico

Lisboa, 06 mai (Lusa) - O porta-voz do PS afirmou hoje que haverá em breve uma reunião com o Governo sobre medidas para o crescimento, mas frisou desde já que os socialistas votarão contra o novo "imposto sobre os pensionistas".

Austeridade: programa de rescisões poderá conter medida inconstitucional - jurista

Redação, 06 mai (Lusa) - O especialista em direito laboral Tiago Cortes disse hoje à Lusa que a constitucionalidade da medida que prevê a proibição do trabalhador do Estado que rescinde por mútuo acordo voltar a trabalhar na função Pública poderá estar em causa.