Governo quer que "selva seja a regra" no direito ao trabalho - Catarina Martins
Porto Canal / Agências
Viseu, 10 mai (Lusa) -- A coordenadora do BE Catarina Martins lamentou, na sexta-feira à noite, que o governo queira alterar as regras da contratação coletiva, levando a que "a selva seja a regra no direito ao trabalho" em Portugal.
Ao intervir num jantar/comício em Viseu, no âmbito da campanha para as eleições europeias, Catarina Martins lembrou que esta semana o governo entregou a sua proposta para a concertação social, relativa à contratação coletiva.
"E o que propõe o governo? Nada mais, nada menos, do que acelerar a caducidade de todos os contratos coletivos que existem neste momento", criticou, considerando que, dessa forma, quer os salários da função pública, quer os do setor privado, podem baixar.
Catarina Martins alertou que "o projeto de alterar as regras da contratação coletiva para que os contratos coletivos acabem embaratecendo o trabalho é, de facto, um apelo que o governo está a fazer ao patronato para que não queira nunca mais contratação coletiva".
Na sua opinião, num país "com os salários mais baixos e desiguais da Europa", um governo que pretende tomar esta medida "é um governo que desrespeita o trabalho, desrespeita quem vive do trabalho e não pode estar a fazer outra coisa que não a destruir o futuro do país".
Nesse âmbito, a coordenadora do BE apelou aos portugueses que não aceitem a precariedade contra a Constituição, os salários, as pensões e os serviços públicos.
"Este país precisa estar de pé a dizer que não aceita a chantagem da dívida, em nome da qual se destruíram salários, pensões, se aumentaram impostos, se destruíram serviços públicos", frisou.
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