Paulo Portas afirma que sempre defendeu "um só resgate"
Porto Canal
O vice-primeiro-ministro considerou na terça-feira que a decisão de concluir o programa de resgate financeiro sem recurso a um programa cautelar foi “tomada com prudência”, sublinhado que sempre defendeu “um só empréstimo” com a ‘troika’.
“Eu disse sempre que a minha linha era um só resgate, um só empréstimo e um só calendário com a ‘troika’. Qual era a alternativa a isto? Um segundo resgate? Do meu ponto de vista, um segundo resgate significava mais dependência, mais credores, mais ‘troika’ em piores condições”, afirmou Paulo Portas em entrevista à Rádio Renascença na terça-feira à noite.
No domingo, o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, anunciou que Portugal vai sair do atual programa de resgate financeiro sem recorrer a qualquer programa cautelar, regressando autonomamente aos mercados.
Neste âmbito, “a matéria de saída limpa com programa cautelar ou saída limpa diretamente para mercados não é dogma de fé, é uma avaliação racional que tem de se fazer do que é que é mais útil para o país e que aumenta a nossa responsabilidade e a nossa liberdade”, considerou Paulo Portas.
Apesar de Portugal estar obrigado a controlar a despesa e a cumprir as regras do tratado orçamental, apesar do fim do programa de ajustamento, o vice-primeiro-ministro disse entender que a decisão anunciada no domingo “foi tomada com prudência”.
Paulo Portas teceu, no entanto, críticas à oposição e a algumas personalidades que questionam a decisão anunciada pelo executivo.
“Eu estou muito à vontade para respeitar as opiniões de pessoas que desempenham funções muito relevantes. Agora, menos respeito tenho por algumas pessoas que agora dizem que era melhor um cautelar e há seis meses diziam que o melhor era um segundo resgate”, sublinhou o governante, acrescentando: “têm sempre a atitude de que Portugal não é capaz, de que Portugal falha, de que Portugal não pode ambicionar ser um país normal, numa Europa normal, num mundo normal”.
Ainda de acordo com o vice-primeiro-ministro, “é evidente que a vida das pessoas não muda instantaneamente”, mas haverá mudanças a outros níveis.
“Politicamente, muda. Com muita humildade, mas com muito orgulho lhe digo, isto muda a 17 de maio (…) outro ponto que muda, a nossa autoestima”, enfatizou Portas, sustentando que “este momento é importante para as pessoas voltarem a confiar e exigirem aos políticos compromissos sérios”.
Portugal recorreu à ajuda externa em maio de 2011, tendo o país recebido 78 mil milhões de euros.