PS pede sobressalto progressista a PSD e CDS, acusando-os de se vergarem à extrema-direita

| Política
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 10 nov 2020 (Lusa) -- O PS pediu hoje um "sobressalto das forças progressistas no parlamento" em defesa de políticas sociais com direitos humanos, dirigindo-se ao PSD e CDS-PP, que acusou de serem "partidos vergados às políticas de extrema-direita e do Chega".

Em causa está o acordo de governação de direita na região autónoma dos Açores, que conta com o PSD, o CDS-PP e o PPM, mas também com acordos de incidência parlamentar com o Chega e o Iniciativa Liberal, que pela primeira vez elegeram representação parlamentar na região.

No debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) na área do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que hoje levou a equipa ministerial de Ana Mendes Godinho ao parlamento, o deputado socialista João Paulo Pedrosa aproveitou a sua intervenção para criticar o acordo nos Açores e a aproximação ao partido de André Ventura.

"Hoje, os vossos partidos estão vergados às políticas de extrema-direita e do Chega. E portanto, há um consenso que se quebrou neste país. Políticas sociais são políticas de direitos humanos. Ou se está com esta ideia de sociedade, ou não se está, e essa é a barreira fundamental", defendeu João Paulo Pedrosa.

O deputado recorreu à citação de um 'tweet' de André Ventura, no qual se declarou "feliz por ter conseguido importantes entendimentos nacionais", que classificou como "a alma" do seu projeto político.

"Uma delas foi o corte de 50% do RSI. Nos Açores, a maior freguesia que recebe RSI, a freguesia de Rabo de Peixe, votou nas últimas eleições 65% no PSD, o que significa que o Governo Regional dos Açores atribuiu estas prestações a estes cidadãos por serem pobres e não por serem eleitores do PS. Gostaria que o PSD confirmasse que pretende cortar 50% do RSI, porque, se não, as palavras do senhor deputado André Ventura não passam de uma charla e não são consequentes", disse o deputado.

João Paulo Pedrosa recordou como as políticas de direita moderada nos EUA, França, Itália "têm sido contaminadas" pela extrema-direita, sem que se assista a um "reverso", pelo que deixou "um apelo para que se rejeitem ideias e afirmações como as de André Ventura, que defendeu que "políticas sociais são dar dinheiro a malandros, dar casa a quem não merece e acolher imigrantes em vez de lhes dar um visto de saída".

"O que devemos fazer é um apelo, é um pedido de sobressalto às forças progressistas deste parlamento, porque é preciso fazer vingar a ideia de que os apoios sociais são direitos de cidadania e não ociosidade, que ter habitação é um direito humano e não um luxo supérfluo, que acolher imigrantes é um ato de civilização e não barbárie", disse o deputado do PS.

Referindo que "há caminhos que se bifurcam", João Paulo Pedrosa insistiu com PSD e CDS-PP no sentido de uma demarcação em relação ao Chega.

Citando o escritor e jornalista brasileiro Nelson Rodrigues para dizer que "num casamento ninguém chega às bodas de prata sem um pouco de cinismo", João Paulo Pedrosa disse não querer uma "adesão apaixonada às políticas do PS".

"Fundamental é fazer uma convergência efetiva naquilo que distingue as forças progressistas das da extrema-direita que agora se juntou com o PSD e com o CDS", concluiu.

O acordo nos Açores tem motivado um debate acesso junto dos partidos, com críticas do PS e do BE, às quais o líder nacional do PSD, Rui Rio, respondeu acusando-os de "estarem de cabeça perdida" e justificando o entendimento com o Chega por o partido de André Ventura se ter moderado na região.

Já hoje, André Ventura disse esperar um pedido de desculpas do líder socialista e primeiro-ministro devido às acusações de xenofobia e racismo, antecipando que o seu partido e o PSD podem desalojar o PS do poder em breve.

José Manuel Bolieiro foi indigitado no sábado presidente do Governo Regional pelo representante da República para os Açores, Pedro Catarino.

O PS venceu as eleições legislativas regionais, no dia 25 de outubro, mas perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo 25 deputados.

PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representavam 26 deputados, anunciaram esta semana um acordo de governação, tendo alcançado acordos de incidência parlamentar com o Chega e o Iniciativa Liberal (IL).

IMA (SPYC/PPF/HPG/SMA) // ZO

Lusa/fim

+ notícias: Política

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.

Governo e PS reúnem-se em breve sobre medidas de crescimento económico

Lisboa, 06 mai (Lusa) - O porta-voz do PS afirmou hoje que haverá em breve uma reunião com o Governo sobre medidas para o crescimento, mas frisou desde já que os socialistas votarão contra o novo "imposto sobre os pensionistas".

Austeridade: programa de rescisões poderá conter medida inconstitucional - jurista

Redação, 06 mai (Lusa) - O especialista em direito laboral Tiago Cortes disse hoje à Lusa que a constitucionalidade da medida que prevê a proibição do trabalhador do Estado que rescinde por mútuo acordo voltar a trabalhar na função Pública poderá estar em causa.