25 Abril: Feriado do 1.º de Maio foi primeira conquista sindical da revolução
Porto Canal / Agências
Lisboa, 25 abr (Lusa) - O feriado do 1.º de Maio foi a primeira conquista sindical após o 25 Abril e a primeira de 14 reivindicações que a Intersindical apresentou à Junta de Salvação Nacional (JSN) no dia seguinte à revolução.
Foi a 27 de abril de 1974 que a JSN decretou o 1.º de Maio como feriado nacional para comemorar o Dia Internacional do Trabalhador.
Até então, a comemoração desta data era proibida e reprimida pelas forças de segurança.
No dia 25 de abril, a Intersincal não perdeu tempo, ainda os blindados de Salgueiro Maia estavam no Largo do Carmo, em Lisboa, marcou uma reunião de dirigentes para essa tarde para analisar a situação e começar a preparar o 1.º de Maio.
A reunião continuou no dia seguinte, alargada a ativistas sindicais, e foi aprovado um documento com "reivindicações imediatas, fundamentais e intransigentes de todos os trabalhadores".
"1.º de Maio como feriado" era a primeira de uma lista de 14 reivindicações que a Intersindical se apressou a apresentar à JSN nesse mesmo dia.
A instituição do salário mínimo nacional, a redução do horário semanal para 40 horas, o direito à greve, a liberdade sindical, a liberdade de imprensa, o fim da carestia de vida e a libertação dos presos políticos eram outras das reivindicações.
Os dias seguintes foram de intensa atividade sindical e a lista de reivindicações aumentou passando a incluir a proibição do despedimento sem justa causa, a proteção da saúde e a prevenção da doença e um seguro de desemprego.
No primeiro Dia do Trabalhador em liberdade foi escolhida pela Intersindical a Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, para a concentração inicial e o comício foi no Estádio da FNAT, desde logo batizado de Estádio 1.º de Maio, que não chegou para albergar todos os que participaram no desfile.
No comício discursaram sindicalistas e políticos: Manuel Lopes, do sindicato dos lanifícios, que viria a ser um dos dirigentes históricos da CGTP, Nuno Teotónio Pereira, pelos católicos progressistas, Mário Soares, do PS, e Álvaro Cunhal, do PCP, entre outros.
As comemorações estenderam-se a todo o país, sob o lema "paz, pão e liberdade", e entoando as palavras de ordem "Liberdade, Liberdade" e "O Povo Unido jamais será vencido".
Em Lisboa, onde se estimou uma participação de um milhão de pessoas, os estabelecimentos comerciais e de restauração encerraram e os hotéis corresponderam ao apelo dos sindicatos dispensando metade do pessoal.
No Porto, a situação foi idêntica.
O Dia Internacional do Trabalhador comemora-se desde o final do século XIX para evocar a luta dos operários nos Estados Unidos, em maio de 1886, pelas oito horas de trabalho diárias e 48 semanais.
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