Covid-19: Personalidades angolanas lamentam morte de médico em Luanda após detenção

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Porto Canal com Lusa

Luanda, 07 set 2020 (Lusa) -- Várias personalidades angolanas recorreram às redes sociais para lamentar e criticar a morte do médico Sílvio Dala, em Luanda, que morreu no passado dia 01 de setembro, após detenção numa esquadra policial por conduzir sem a máscara facial.

O médico pediatra Sílvio Dala morreu no passado 01 de setembro, em Luanda, alegadamente numa esquadra policial após ter sido detido por conduzir sem máscara.

Welwitschea "Tchizé" dos Santos, filha do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, escreveu também uma mensagem na rede Facebook sobre "o brutal assassinato de um médico numa esquadra de polícia em Angola".

"Claramente não era um cidadão armado ou que representasse perigo ao ponto de ser agredido até à morte", escreveu "Tchizé" dos Santos, acrescentando que "Angola e´ um país onde há´ uma gritante falta de profissionais de saúde".

"Tchizé" dos Santos recordou uma intervenção que fez em 2016 no Parlamento, enquanto deputada, sobre a morte "pelas tropas do exército de um rapaz de 14 anos que resistia à autoridade durante uma ação de despejo de casas anárquicas".

"Há que lutar para que essa seja a única morte desnecessária e arbitrária a ocorrer em Angola, depois do Rufino, em 2016, a Zungueira Juliana Cafrique, em 2019, e tantos outros angolanos assassinados por quem os teria de proteger", assinalando que "está na hora de corrigir o que está mal a este nível".

Através da plataforma Twitter, o músico e ativista luso-angolano Luaty Beirão convocou hoje uma ação de protesto no Largo da Independência, em Luanda.

"A minha filha viu-me a preparar o meu cartaz e pediu papelão para fazer o dela. A hora é esta. A gente vai para o simbolismo, mas o que vai lhes levar lá é sempre uma incógnita. A caminho do Largo da Independência", escreveu Luaty Beirão, publicando uma foto de um cartaz onde se lia "Prender, matar, cumpra-se! #PEDEPARASAIR".

Luaty Beirão partilhou também um apelo feito pelo ativista Timóteo Miranda, que pediu a realização, às 19:00 (mesma hora de Lisboa) de 11 de setembro, de um "panelaço e buzinão".

"Quem estiver em casa bate as panelas e as tampas, quem estiver no trânsito buzina forte. Não custa nada. Pelos nossos irmãos que são vítimas o tempo todo", escreveu Timóteo Miranda.

No sábado, o Luaty Beirão tinha reagido à morte de Sílvio Dala, escrevendo que este "violou a estupidez tornada lei".

"Morreu um médico, como se os tivéssemos em excesso. Estava no seu carro, sozinho, sem máscara. Violou a estupidez tornada lei. 'Vamos para a esquadra!'. Lá 'caiu', bateu com a cabeça, morreu! A discussão é só se foi morte acidental ou 'assistida'", disse então.

No mesmo dia, a empresária Isabel dos Santos abordou a morte de Sílvio Dala, apelidando-a de "uma notícia triste e revoltante".

"Um jovem médico angolano foi preso pela polícia "que não distribui chocolates" pois ia a conduzir o seu carro e não estava a usar a máscara", escreveu Isabel dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos.

"Quando acontece na América ou Europa atribuímos ao racismo, mas aqui entre nós vamos dizer que é o quê? A nossa valorização como africanos começa entre nós. É muita falta de amor ao próximo", escreveu hoje, por sua vez, o músico angolano Anselmo Ralph na sua conta na plataforma Instagram.

Num comunicado, o comando da polícia de Luanda confirmou a detenção de Sílvio Dala, referindo que este apresentava "sinais de fadiga, teve uma queda aparatosa" e morreu no caminho para o hospital.

Uma versão contrariada pelo Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos (SINMEA) que atribui os ferimentos na cabeça a "pancadarias e duros golpes" de que o médico terá sido alvo na esquadra policial.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana já abriu um inquérito para averiguar as "reais causas" da morte de Sílvio Dala.

No final de agosto, a Amnistia Internacional tinha já contabilizado sete mortos às mãos das forças de segurança angolanas, por não usarem máscara, entre maio e julho, admitindo que o número de vítimas possa ser superior.

Angola, que vive desde 26 de maio situação de calamidade pública, conta com 2.965 casos positivos da covid-19, sendo 1.650 ativos, 1.198 recuperados e 117 óbitos.

JYO (DYAS/RCR) // JH

Lusa/Fim

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