Sérgio Conceição: "Foi um título que deu muito trabalho mas que é muito merecido"
Porto Canal com fcporto.pt
O FC Porto despediu-se do Estádio do Dragão em 2019/20 com uma goleada sobre o Moreirense, por 6-1, em jogo da 33.ª e penúltima jornada da Liga NOS. Após o triunfo expressivo diante dos cónegos, Sérgio Conceição confessou ter gostado mais da segunda parte, na qual os campeões nacionais marcaram cinco dos seis golos. Na base do triunfo expressivo, para o treinador portista, esteve a “qualidade” do coletivo azul e branco e “o bom espírito que existe neste momento”.
O resumo do jogo
“Este era um jogo contra uma equipa tranquila na tabela, uma equipa que tem feito um excelente campeonato. Como disse na antevisão, o Moreirense nos últimos 14 jogos só tinha perdido um. Sabíamos das dificuldades que íamos ter e era preciso um FC Porto com o espírito que teve contra o Sporting, pois só assim conseguiríamos gerir o jogo como queríamos. Entrámos bem, mas na primeira parte a equipa esteve muito mal sem a bola. Isso fez a diferença entre a primeira parte e a segunda. O nosso processo defensivo esteve muito diferente na segunda parte e, depois, com a qualidade que temos e com o bom espírito que existe neste momento, conseguimos chegar a estes números.”
Seis golos marcados
“É sinónimo de trabalho. Hoje vimos o Marega a marcar de livre, e isso é trabalho de treino. Ele atira muito forte, também é trabalho da equipa, quando está como esteve na segunda parte, com uma dinâmica forte. Temos sempre possibilidades de fazer golos, independentemente de jogadores mais ou menos tecnicistas. Não tem nada a ver com isso. Tem a ver com o trabalho que se faz diariamente.”
Tudo mudou após o intervalo
“Há sempre correções a fazer. Mesmo que estivéssemos a ganhar por 3-0, há sempre algo que não está tão bem ou que não está dentro do planeado. Ao intervalo percebi que o Moreirense evidenciava que era uma equipa sólida, que sofria poucos golos, e isso é sinónimo de consistência defensiva, mas foi sempre perigoso a atacar e com qualidade. Era uma equipa tranquila, a jogar o jogo pelo jogo, com princípios bem definidos. Após o intervalo corrigimos e tudo saiu com mais facilidade, os jogadores divertiram-se mais. Correram menos, mas quando tiveram que o fazer fizeram-no bem. O FC Porto fez 19 golos nas segundas partes após a retoma e quatro na primeira. É o grande trabalho que se fez durante a paragem. Uma palavra ao Eduardo Oliveira, o fisiologista, que foi incansável. Uma palavra para ele. Houve trabalho de toda a gente, daí as nossas segundas partes serem tão boas. Quando se está bem fisicamente, aparecem estes golos fantásticos. Tem a ver com essa capacidade de estar ao mais alto nível fisicamente.”
Todos são importantes
“Preparámos o que tínhamos a preparar para este jogo e aproveitámos para dar minutos ao Diogo Costa, que tem trabalhado na sombra. Há muitos jogadores a trabalhar na sombra para que os jogadores mais utilizados estejam num nível alto. Há um grande trabalho da parte deles e eu dou tanta ou mais importância aos jogadores que jogam menos do que aos que jogam mais. Um balneário e um grupo competitivo tem a ver com o respeito que existe pelas escolhas do treinador durante a época. Só assim conseguimos ter gente que, quando é chamada a dar o contributo, fá-lo ao mais alto nível. Isso é uma grande satisfação para qualquer treinador. Este é um grupo competitivo, sólido, forte, que não tem só 11, 12 ou 13 jogadores, é um grupo. Nestes três anos, a prova é que os jogadores que entram acrescentam algo. Tem a ver com o trabalho que fazem, muitas vezes na sombra. É de louvar esse trabalho. Toda a gente tem uma vontade enorme de ajudar e isso é fundamental. Não há prémios para ninguém. Deixo uma palavra para todos os jogadores que foram menos utilizados e que tornaram o FC Porto mais competitivo. Por vezes são esquecidos e eu dou-lhes muito valor e atenção, são esses que formam um balneário forte. São esses que formam um plantel competitivo e são esses que, quando entram, dão uma resposta sempre positiva.”
Um 4-4-2 ou um 4-3-3
“Depende do jogador que joga a médio-ofensivo ou a avançado, depende da estratégia, do plano e do estado de forma dos jogadores. Dou muito valor ao trabalho diário e quem der a melhor resposta vai lá para dentro. Aquilo que é o nosso ADN, os jogadores já conhecem quase na perfeição tudo o que trabalhamos e fazemos.”
Diogo Costa na baliza
“É o que defini para o fim da época, perante três jogos, este, o de Braga e a final da Taça de Portugal. É o que delineei, a pensar num jogo de cada vez. O objetivo principal é a final da Taça, porque é um título que já no ano passado merecíamos.”
A substituição de Fábio Vieira ainda na primeira parte
“A conversa que tive com ele no final do jogo teve a ver com isso. As razões já expliquei a ele. Não foi preciso explicar muito, porque ele percebeu o que estava planeado, o que estava definido para o jogo. Teve a ver com o que o Fábio pode dar nos próximos jogos. Chegou há pouco tempo, tem uma qualidade acima da média e hoje não teve jogo tão feliz, principalmente sem bola. Era preciso um jogador para ganhar o jogo, para equilibrar o que era preciso.”
O livre soberbo de Marega
“Muita gente critica o Marega porque acha que a sua técnica não é a melhor, mas para mim técnica é isso, o movimento que ele faz, o estar na cara do golo com uma facilidade incrível, a maneira como pega na bola no momento de rematar à baliza. Para mim é isso que conta num jogador e não o malabarismo, que isso é no circo e nós somos uma equipa de futebol.”
A festa no relvado
“Foi para homenagear os que não puderam estar no Dragão. É como ter uma festa e não haver música. Futebol sem adeptos é isso. Não há festa na totalidade. É de lamentar, merecíamos um estádio cheio e os adeptos também mereciam estar aqui a viver isto.”
Um justo campeão
“Muitos treinadores da Liga me mandaram mensagens, em privado, a felicitar pelo título de campeão. Aproveito para agradecer a todas as pessoas que me felicitaram e ao FC Porto por este título. Foi um título que deu muito trabalho mas que é muito merecido.”
Nakajima
“Essa é uma questão que não sou eu que tenho que responder.”
Veja aqui as declarações exclusivas de Ségio Conceição ao Porto Canal: