Autarcas do Alto Minho satisfeitos com mais passagens para a Galiza

| Política
Porto Canal com Lusa

Os presidentes de câmara do Alto Minho congratularam-se hoje com a decisão de Portugal e Espanha de abertura de mais quatro pontos de passagem na fronteira entre os dois países.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Melgaço, município para onde chegou a estar prevista, na sexta-feira, uma ação de protesto a exigir mais pontos de passagem para a vizinha Galiza, sublinhou que "a luta dos autarcas do Vale do Minho resultou".

"Foi reconhecido um direito fundamental aos trabalhadores transfronteiriços e aos empresários para que as economias dos dois países possam recomeçar a recuperar energias", afirmou o socialista Manoel Batista.

O autarca de Melgaço, no distrito de Viana do Castelo, reforçou que a reivindicação dos responsáveis políticos das duas regiões pela "abertura total" da fronteira irá continuar por entenderem que dois territórios "estão e são seguros".

Portugal e Espanha acordaram a abertura de mais quatro pontos de passagem na fronteira, nomeadamente em Melgaço, Monção, Miranda do Douro e Vila Nova de Cerveira, anunciou hoje o Ministério da Administração Interna.

Nos dias úteis, entre as 7:00 e as 2:h00, passam a existir as seguintes novas passagens entre os dois países: em Melgaço, no Lugar do Peso, na Estrada Nacional 202; em Monção, na Avenida da Galiza, na Estrada Nacional 101; Miranda do Douro, ao km 86, na Estrada Nacional 218 e em Vila Nova de Cerveira, ao km 104, na Estrada Nacional 13.

Estes quatro novos pontos de passagem juntam-se assim aos que já tinham sido autorizados e que estão a funcionar em permanência: Valença, Vila Verde da Raia, Quintanilha, Vilar Formoso, Termas de Monfortinho, Marvão, Caia, Vila Verde de Ficalho e Castro Marim.

Até agora o único ponto de passagem autorizado para trabalhadores transfronteiriços e transporte de mercadorias, era a ponte nova sobre o rio Minho, que liga as cidades de Valença e Tui.

Para o presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, trata-se de "uma boa notícia que vem ao encontro das reivindicações dos autarcas portugueses e galegos no rio Minho".

"A nossa região vive desta comunhão cultural, paisagística e laboral e estávamos a condicionar a vida dos trabalhadores transfronteiriços sem justificação. Tínhamos milhares de pessoas a gastar os seus salários em viagens e agora, graças à voz do Alto Minho e à boa decisão dos governos, temos esse problema ultrapassado. Agora vamos preparar a abertura integral de fronteiras", afirmou o autarca socialista.

Já o presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, Fernando Nogueira, também reforçou "a união" entre municípios portugueses e galegos numa "luta comum", considerando que "apesar de pecar por tardia", a medida agora anunciada "vem minimizar os fortes impactos que o fecho de fronteiras estava a causar na dinâmica empresarial e no dia a dia dos seus trabalhadores transfronteiriços".

"É de salientar a unidade em torno do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT Rio Minho), quer da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM) do Alto Minho quer da Deputación de Pontevedra que, unidos pela mesma causa, conseguiram sensibilizar os governos de Portugal e de Espanha para esta realidade local", disse o independente Fernando Nogueira, que é também vice-diretor do AECT do Rio Minho.

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Monção, António Barbosa, classificou a decisão dos governos dos dois países como uma "boa notícia".

"É o reconhecimento do peso destas fronteiras no contexto dos dois países", referiu o autarca social-democrata.

Para o presidente da Câmara de Valença, segunda cidade do Alto Minho, "os pontos de passagens entre as duas regiões transfronteiriças nunca deveriam ter encerrado aos trabalhadores transfronteiriços".

"A decisão vem tarde, mas mais vale tarde que nunca. Estes pontos de passagem nunca deveriam ter sido encerrados por causarem imensos transtornos aos trabalhadores transfronteiriços", disse o social-democrata Manuel Lopes.

O autarca lamentou que a decisão agora anunciada não tenha abrangido a ponte centenária que liga Valença a Tui.

"Não é uma ponte, é uma rua entre os dois povos. Se fosse reaberta seria uma forma dos povos raianos se irem habituando, lentamente, ao cumprimento das regras sanitárias. Assim, a partir de 01 de julho, quando abrirem as fronteiras vai ser 'tudo ao molhe e fé em Deus'", frisou.

Para Manuel Lopes, a abertura dos novos pontos "não vem resolver, na totalidade, os problemas dos setores do comércio, hotelaria e indústria que estão totalmente parados".

Para o presidente da Câmara de Paredes de Coura, Vítor Paulo Pereira, trata-se de uma medida "sensata" por considerar que "não está em causa o aumento do contágio pelo novo coronavírus ou menos segurança, mas simplesmente maior comodidade para as pessoas numa fronteira onde existe muito dinamismo económico e as relações são necessárias".

"Os autarcas continuam a estar atentos e a primar pela segurança. No entanto, não fazia sentido que entre duas regiões com uma grande dinâmica existisse apenas uma passagem. Esta situação levantava grandes constrangimentos à atividade económica e aos fluxos empresariais que existem", reforçou o autarca socialista.

Nas últimas semanas, os autarcas dos dois lados do rio Minho lançaram repetidos apelos à abertura de mais passagens entre as duas regiões transfronteiriças, em ações de protesto promovidas pelo AECT Rio Minho, exigindo a correção do que diziam ser uma injustiça dos dois Estados, sobretudo para os trabalhadores transfronteiriços.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 412 mil mortos e infetou quase 7,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.497 pessoas das 35.600 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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