Governo e oposição trocam críticas por imigração ilegal em Ceuta e Melilla

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Porto Canal / Agências

Madrid, 25 fev (Lusa) - O presidente do Governo e o principal líder da oposição espanhóis trocaram hoje críticas sobre o tema da imigração, com o primeiro a acusar o segundo de demagogia e este a exigir explicações sobre a recente tragédia em Ceuta.

Em causa estava a tragédia ocorrida este mês em Ceuta quando pelo menos 17 imigrantes morreram ao tentarem chegar à costa da cidade espanhola no norte de África.

Vídeos divulgados mostram agentes da Guarda Civil a disparar projéteis para a água - responsáveis policiais haviam negado que isso tivesse acontecido - o que suscitou fortes críticas da oposição e de organizações de apoio aos imigrantes.

Alfredo Pérez Rubalcaba, líder do PSOE, referiu-se ao assunto durante a sua réplica ao presidente do Governo, Mariano Rajoy, na sessão de hoje do debate do estado da nação, que decorre até quarta-feira no Congresso de Deputados em Madrid.

Para Rubalcaba - que foi ministro do Interior no anterior Governo socialista - é essencial que o que ocorreu em Ceuta "se clarifique pela honra e respeito que merece a Guarda Civil".

O líder socialista disse querer diferenciar entre a política de imigração, que "deve ser uma política de Estado" e um acontecimento "dramático que custou a vida a 15 pessoas" devido "à atuação de alguns guardas-civis que não são defensáveis".

Considerando que "em nenhum protocolo está consignada a ação de disparar com material anti-distúrbio contra gente que quer entrar em Espanha", Rubalcaba exigiu ao presidente do Governo "primeiro a verdade e depois a responsabilidade" pelas mortes.

Mariano Rajoy acusou o secretário-geral socialista de demagogia, considerando que entre 2004 e 2011, quando os socialistas estiveram no Governo, nunca criticou o executivo, apesar de ter havido 20 mil tentativas de entrada em Melilla e 17 mil em Ceuta.

"Isso ocorreu muitas vezes e nunca o reprovei por nada", disse, afirmando que esta é a primeira vez que "se ataca" o Governo desta forma.

Rubalcaba defendeu a sua intervenção, considerando que a oposição tem sido prudente com o tema da imigração e se limitou a "pedir uma explicação sobre um incidente que nunca antes tinha ocorrido".

Antes da troca de críticas, Rajoy tinha considerado, no seu discurso inicial, que a imigração e os fluxos migratórios requerem uma atenção urgente e continuam a ser um problema que a Europa comunitária "não decide resolver".

"Não necessito dizer-vos o nosso interesse na matéria. Os recentes acontecimentos de Ceuta e Melilla chamam a atenção para um dramático problema que a Europa comunitária não decide resolver", disse Mariano Rajoy, no arranque do debate do estado da nação, que continua até quarta-feira no Congresso de Deputados, em Madrid.

"É preciso reformar a cooperação com os países de origem e trânsito, estabelecer uma cooperação mais estreita com organizações internacionais correspondentes e redobrar a luta contra o tráfico de seres humanos e a imigração clandestina, além de reforçar as atividades da Agência Frontex", adiantou.

Mariano Rajoy dedicou ao assunto da imigração apenas três frases do seu discurso de cerca de 90 minutos, do qual dois terços foram destinados a temas económicos e em que se referiu ainda à corrupção e à agenda independentista da Catalunha.

ASP // VM

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