Pobreza é sempre manifestação de injustiças e também de incúria - presidente da CNIS

| Política
Porto Canal / Agências

Fátima, 24 fev (Lusa) -- O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) afirmou hoje que o país não tem sabido aproveitar a crise, considerando que a pobreza é uma manifestação de injustiça e também de incúria.

"A pobreza é sempre injusta e é sempre manifestação de injustiças, e, também, de alguma incúria", disse o padre Lino Maia, à margem do conselho geral da CNIS que decorre em Fátima.

Referindo que, neste aspeto, as instituições de solidariedade também são atingidas, o sacerdote apontou: "Havendo muito mais gente mais pobre, com mais dificuldade, e como nós estamos essencialmente com esses -- não exclusivamente -- sofremos".

"Portugal, nesta crise, viu a distância entre os poucos que ganham muito e os muitos que ganham pouco ou nada agravar-se, portanto a crise também não foi uma oportunidade para inverter a situação", declarou o presidente da CNIS.

Segundo o responsável, o país tem "uma classe média em fase de extinção" e um "aumento muito significativo de gente que não tem meios de sobrevivência e que está condenada a vegetar".

A propósito de o país não ter sabido aproveitar a crise "para um melhor futuro", Lino Maia insistiu na questão do interior, reiterando a necessidade de políticas territoriais para desenvolver o interior.

"É preciso criar serviços no nosso interior, é preciso alguma agilidade, porque se se acaba com um serviço público num sítio, é preciso que ao lado ele seja garantido", defendeu, questionando: "Porque é que se corta com tudo nos mesmos sítios?".

O responsável acrescentou: "É possível, é necessário, é urgente, imperioso, mas, entretanto, o nosso interior está decorrido e não vota, porque não há votantes e, por isso, é sempre abandonado".

"Isto obrigaria todos os partidos, não apenas os do arco da governação (...), e fizéssemos uma espécie de contrato por dez anos, para que se ativasse a economia no interior, reativássemos as terras abandonadas, os equipamentos abandonados", apontou.

Sobre as dificuldades financeiras das instituições de solidariedade, o presidente da CNIS classificou-as como "enormes".

"Tenho algum receio em que haja um momento em que a rotura seja um facto", afirmou, notando que tal não tem acontecido porque há "uma grande resiliência, um grande esforço, uma grande generosidade, um grande patriotismo ou portuguesismo" dos dirigentes das instituições de solidariedade que sentem que "esta crise não vai ser eterna e há que cerrar fileiras agora na expectativa de um amanhã melhor".

O sacerdote disse, contudo, não acreditar que "2014 seja melhor que 2013, duvido que 2015 seja melhor que 2014", revelando-se convicto de que "a austeridade vai continuar, um certo reajustamento vai continuar".

Sobre o montante de 30 milhões de euros para o financiamento inicial do Fundo de Reestruturação do Setor Solidário (FRSS), mecanismo aprovado pelo Governo em dezembro, o responsável informou que o valor ainda não chegou às instituições.

"É um fundo de reestruturação porque há de facto muitas instituições que estão com dívidas", informou, adiantando que se prendem "com obras que tiveram que fazer".

SR//GC.

Lusa/Fim

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